Zapeando em 2012 - Novelas
De todos os produtos presentes na televisão do Brasil, talvez o de mais força seja a novela. E os folhetins, para o bem e para o mal, tiveram muito destaque em 2012. Entre os sucessos do ano, um trio de empreguetes e os moradores de um fictício subúrbio carioca. Por outro lado, uma fraca guerra entre sexos e a rotina de uma professora e seus alunos decepcionaram na telinha.
PONTO DE AUDIÊNCIA
- Avenida Brasil: Os embates entre a vingativa Rita/Nina (Débora Falabella) e Carminha (Adriana Esteves) fizeram dessa novela o sucesso do ano. As atitudes da protagonista e as fraquezas da vilã, por diversas vezes, inverteram os papéis e mostraram comportamentos dúbios das personagens. Mesmo que a história da vingança não seja nenhuma novidade na TV, a inovação de "Avenida Brasil" ficou por conta da geografia da trama, trazendo o subúrbio para o primeiro plano de uma novela. Atores talentosos, direção competente e linguagem rápida e cinematográfica contribuíram para transformar o folhetim em um marco da televisão brasileira.
- Cheias de Charme: Reciclando histórias como a da Gata Borralheira, a trama dos estreantes Filipe Miguez e Isabel de Oliveira conquistou o horário das 19 horas. O folhetim apresentou ao público a saga das domésticas Penha (Taís Araújo), Cida (Isabelle Drummond) e Rosário (Leandra Leal), que fizeram sucesso com um vídeo na internet e se transformaram nas Empreguetes. A vilã afetada Chayene (Cláudia Abreu) e a "curica" Socorro (Titina Medeiros) roubaram a cena e deram um toque a mais para a trama.
- Lado a Lado: Essa novela é o grande destaque no ar atualmente, mesmo que não seja um sucesso de audiência. "Lado a Lado" mostra a trajetória de duas mulheres no início do século (interpretadas por Camila Pitanga e Marjorie Estiano) em busca de liberdade. Para isso, lutam contra padrões e preconceitos da época. Uma das grandes qualidades da novela é o pano de fundo histórico, contando o surgimento do samba e o processo de favelização do Rio de Janeiro, bem como as revoltas da Chibata e da Vacina. A refinada produção e a trilha sonora também chamam a atenção. Patrícia Pillar rouba a cena como Constância, a ex-baronesa em busca de poder na recém-surgida República.
- Gabriela: O universo baiano de Jorge Amado ganhou uma nova versão em 2012, com o remake assinado por Walcyr Carrasco. Com muito humor e o aproveitamento de personagens que tinham pouco espaço no livro, o autor soube construir uma boa novela. Personagens como Coronel Jesuíno (José Wilker), traído pela mulher, e Dorotéia (Laura Cardoso), a beata de Ilhéus, caíram no gosto do público e fizeram sucesso nas redes sociais. No entanto, um erro muito grave foi cometido: Gabriela perdeu as características do livro e se transformou em uma clássica mocinha de novela, pura e virtuosa. O folhetim, no entanto, ganhou um ponto de audiência pelo conjunto da obra.
- O núcleo do tráfico de pessoas em Salve Jorge: Escrita por Glória Perez, "Salve Jorge" parece uma novela dividida em duas. A trama do tráfico de pessoas é o grande momento da novela e o que rende melhores momentos à história. As atuações das traficadas Morena (Nanda Costa) e Jéssica (Carolina Dieckmann) e das traficantes Wanda (Totia Meireles) e Lívia (Cláudia Raia) chamam a atenção em "Salve Jorge".
TROQUEI DE CANAL
- Guerra dos Sexos: Mesmo que a disputa entre homens e mulheres ainda seja um assunto recorrente na sociedade, "Guerra dos Sexos" o aborda de maneira antiga e boba. A disputa de Otávio (Tony Ramos) e Charlô (Irene Ravache) pelo controle de sua loja de departamentos não empolga, apresentando situações caricatas demais e mostrando uma rixa entre homens e mulheres que não existe mais, pelo menos não da maneira que está sendo contada na novela. O tom de chanchada dado ao texto, neste caso, tem prejudicado a narrativa, que se mostra lenta e sem assunto.
- Carrossel: A adaptação do SBT para o texto mexicano é o atual sucesso da emissora e conquistou a criançada. Mas, "Carrossel" ainda traz para a TV os grandes defeitos da dramaturgia do canal de Sílvio Santos. O texto, apesar de simples, não "cabe" na boca dos atores, que sempre parecem engessados em cena. Algumas crianças se destacam, mas não conseguem salvar a novela. "Carrossel" faz sucesso, mas a emissora perdeu mais uma oportunidade em levar ao ar uma dramaturgia de qualidade. Mas, então, como faz sucesso? Engana bem. "Carrossel" é bonitinha, mas bem fraca.
- Os outros núcleos de Salve Jorge: Mesmo que a história do tráfico de pessoas prenda a atenção em "Salve Jorge", o restante dos núcleos deixa muito a desejar. Os personagens que fazem parte desse entorno da novela parecem estar ali para fazer figuração de luxo. Excelentes atores como Ana Beatriz Nogueira, Natália do Valle e Nicete Bruno estão ali para fazer nada. Tomara que a autora tenha alguma carta na manga para os núcleos secundários de "Salve Jorge".
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