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"Doutor Castor" mergulha na vida de bicheiro e escancara conveniência que cerca relações

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Reprodução/Globoplay Quando retratados em produtos de entretenimento, geralmente, os bicheiros aparecem espalhafatosos, bonachões e paternalistas, visão que, antes de chegar a essas obras, brotou das ruas, das comunidades que abrigam essas figuras. Para além do folclore que ronda os comandantes do jogo do bicho, a série documental "Doutor Castor" aborda o "lado B" do mundo da contravenção, lugar de demonstrações violentas de poder e crimes protegidos por falsas imagens de benfeitorias. Seguindo os passos de Castor de Andrade, um dos maiores dos contraventores do Rio de Janeiro, a produção também coloca uma lente de aumento em um comportamento que pauta relações pessoais e institucionais no Brasil: a conveniência. Em quatro episódios, a série dirigida por Marco Antônio Araújo percorre a vida de Castor de Andrade através de imagens, documentos, reportagens e depoimentos daqueles que conviveram com o líder do jogo do bicho na zona oeste carioca no auge do poder dele, n

Riqueza do folclore brasileiro compensa problemas criativos de "Cidade Invisível"

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Divulgação/Netflix E se personagens do folclore brasileiro fossem inseridos em uma trama contemporânea, que mistura elementos sobrenaturais e de mistério a uma discussão oportuna sobre preservação do meio ambiente? A ideia é tão boa que não dá para entender como ninguém pensou nisso antes da estreia de "Cidade Invisível", série do diretor Carlos Saldanha disponível na Netflix. A iniciativa de reapresentar as lendas aos brasileiros e introduzi-las para os gringos é tão louvável que alguns problemas criativos que acompanham a história são facilmente desculpados. A trama de "Cidade Invisível" começa com a morte de Gabriela (Julia Konrad), que ajuda na defesa de uma floresta ameaçada por uma empreiteira e dos moradores de uma comunidade que vive naquela região. O assassinato, que ocorreu em circunstâncias misteriosas, mobiliza o policial ambiental Eric (Margo Pigossi), marido da vítima. Obcecado em encontrar o culpado, ele começa a investigar quem poderia estar ligado a

"WandaVision" constrói ilusão para esconder fragilidade da história

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Divulgação/Disney+ Os moradores de Westview vivem tranquilos e felizes para quem observa de longe aquela rotina suburbana. Só que, na verdade, por trás das aparências, pequenos detalhes revelam que tudo não passa de uma ilusão criada por Wanda Maximoff (Elizabeth Olsen), a integrante dos Vingadores que usou os poderes para suprir traumas e as dores de um coração partido. Esse, no entanto, não é o único truque de ilusionismo em "WandaVision", primeira série do universo Marvel na plataforma de streaming Disney+. Assim como os habitantes da cidadezinha, os espectadores também passam os nove episódios da produção iludidos por recursos que maquiam a fragilidade da história. "WandaVision" começa com Wanda e Visão (Paul Bettany) protagonizando sitcoms que remetem a diferentes épocas e retratam uma rotina doméstica dos heróis em um típico subúrbio norte-americano. O dia a dia perfeito e sem problemas é interrompido por falhas que, aos poucos, revelam que aquela realidade es

Cinco motivos para acompanhar a reprise de "A Vida da Gente"

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Fotos: Divulgação/TV Globo A rotina de produção de novelas inéditas ainda não voltou ao ritmo de antes da pandemia do novo coronavírus e, mesmo um ano depois do início dessa situação, seguem as dúvidas sobre a possibilidade de retorno nos moldes que eram adotados. Já é uma realidade para a TV Globo, por exemplo, exibir folhetins totalmente gravados, respeitando o andamento mais lento dos trabalhos por conta dos protocolos de segurança. Diante desse cenário, a emissora coloca no ar, a partir desta segunda-feira (1), a terceira reprise seguida no horário das 18 horas. "A Vida da Gente", exibida originalmente entre 2011 e 2012, passa a ocupar a faixa enquanto a inédita "Nos Tempos do Imperador" não fica pronta. O foco da história são as irmãs Ana (Fernanda Vasconcellos) e Manuela (Marjorie Estiano). A primeira é um talento promissor das quadras de tênis, cuidada de perto pela mãe Eva (Ana Beatriz Nogueira) e pela rígida treinadora Vitória (Gisele Fróes). Já Manuela tem

"Normal People" fala da complexidade do amor ultrapassando barreiras geracionais

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Divulgação Em determinado momento da música "Eu Não Existo Sem Você", os compositores Tom Jobim e Vinícius de Moraes dizem que "todo grande amor só é bem grande se for triste". Fugindo de uma interpretação ao pé da letra, podemos perceber que esse trecho considera o amor um sentimento bem mais complexo e imperfeito do que o romantismo faz parecer. Se essa complexidade já é algo difícil de lidar na vida adulta, tudo é multiplicado por dez na adolescência. "Normal People", minissérie irlandesa disponível no Starzplay, fala exatamente da rotina de um amor complicado e feito de assimetrias. Marianne (Daisy Edgar-Jones) é uma adolescente rica, impopular no colégio e desprezada pela família. Já Connell (Paul Mescal) é o oposto: não tem grana, vive rodeado de amigos e conta com o carinho incondicional da mãe, que trabalha como empregada na casa de Marianne e funciona como a ligação entre esses universos tão diferentes. Em 12 episódios, vemos fases do relacionamen

Reprises de novelas, redes sociais e as mudanças na sociedade

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Fotos: Divulgação/TV Globo As reprises de "Laços de Família" e "Mulheres Apaixonadas", na TV Globo e no canal Viva, respectivamente, têm gerado discussões sobre a forma como temas e personagens são apresentados nas tramas, ambas escritas por Manoel Carlos. Relações de trabalho, machismo, assédio e outras questões aparecem na rotina dos moradores do Leblon com duas décadas de distância do espectador de hoje, inserido em outra realidade e observando a evolução dos debates propostos. Por conta disso, surgem críticas ao autor e apontamentos de que essas novelas "envelheceram mal". Não é raro que, durante as exibições dos capítulos, as redes sociais recebam comentários sobre a forma que a empregada Zilda (Thalma de Freitas) é tratada na casa de Helena (Vera Fisher) e como aquela relação de trabalho é considerada inadequada. O comportamento machista de Pedro (José Mayer), minimizado por ele e outros personagens do folhetim, e até um estupro praticado pelo primo

"Lupin" acerta com narrativa em tom de homenagem e carisma de Omar Sy

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Divulgação/Netflix Dar novas formas e características a histórias clássicas talvez seja a forma mais óbvia de adaptá-las para um contexto mais atual. Os criadores de "Lupin", série francesa disponível no catálogo da Netflix, escolheram outro caminho ao fazerem da produção uma homenagem ao personagem Arsène Lupin, o famoso "Ladrão de Casaca", criado pelo escritor Maurice Leblanc, e conseguiram com isso um resultado mais inspirado e interessante, também alcançado graças ao carisma do ator Omar Sy, escolhido para o papel de protagonista. Nos cinco episódios da primeira temporada de "Lupin", conhecemos Assane Diop (Sy), um ladrão especialista em disfarces que planeja um roubo ao Museu do Louvre, em Paris. O foco da empreitada é um colar que vale milhões e pertence à família Pellegrini, que afirma ter recuperado a joia após a mesma ter sido roubada de um cofre anos antes. Além da incrível habilidade de se disfarçar e interpretar personagens, Diop ainda conta co