Alta qualidade fez o sucesso de "O Canto da Sereia"

O recurso do "quem matou?" já se tornou muito comum na dramaturgia televisiva mundial. Novelas e séries usam esse tipo de história para mobilizar o público e fazer com que todos possam brincar de detetive. Na última sexta-feira (11), mais um assassinato foi desvendado. A musa do axé Sereia (Ísis Valverde) havia sido morta misteriosamente durante o carnaval, levantando, assim, suspeitas sobre quase todos os personagens de "O Canto da Sereia", minissérie levada ao ar pela TV Globo em quatro capítulos.
Na trama, Sereia se tornou a rainha do axé conquistando, assim, uma legião de fãs. O problema é que o passado da cantora guardava muitos segredos e desafetos. Com o assassinato da protagonista, todas essas história aparecem através da investigação de Augustão (Marcos Palmeira), obstinado em descobrir o autor do crime.
Seguindo pistas, ele descobre os problemas de relacionamento entre Sereia e o ex-namorado, Paulinho (Gabriel Braga Nunes), e o romance da cantora com a empresária Mara (Camila Morgado). Augustão também investiga a ligação do governador da Bahia, Jotabê (Marcos Caruso), com o crime. Mas, a lista de suspeitos continuava crescendo.
O chefe da segurança também descobriu que Sereia tinha traído a confiança de Mãe Marina (Fabíula Nascimento) e que a morte da cantora podia ser vantajosa para o marqueteiro Tuta Tavares (Marcelo Médici). A investigação de Augustão também o levou até o passado familiar de Sereia, revelando a relação dela com a tia exploradora (Marcélia Cartaxo) e o marido, Geraldo (AC Costa).
Diante de tantos suspeitos, Augustão descobriu que o maior interessado na morte de Sereia era a própria. Diagnosticada com um tumor, a cantora não queria passar por todas as fases difíceis de uma doença como essa. Sereia queria viver e ser lembrada como uma diva, com uma vida grandiosa (e uma morte também). Isso fez com que ela pedisse ao fã Só Love (João Miguel) para matá-la.
"O Canto da Sereia" foi uma produção acima da média em termos de qualidade. Texto, produção, montagem, fotografia, elenco, direção, tudo estava em harmonia. Acredito que, entre todos, o melhor aspecto da minissérie tenha sido o roteiro. Os autores souberam, a partir do crime, construir um mosaico de detalhes e acontecimentos que iam se unindo até chegar ao grande desfecho. A aposta numa narrativa não-linear, indo e voltando no tempo, foi muito acertada e fez toda a diferença para o thriller policial que foi contado.
Entre o elenco, merecem reconhecimento os belos trabalhos de Ísis Valverde, Camila Morgado, João Miguel e Marcélia Cartaxo, esta ainda que numa pequena participação.
Minha única ressalva a "O Canto da Sereia" é sobre o tempo de duração. Tal qual outros trabalhos anteriores da TV Globo, as minisséries tiveram constantes reduções no número de episódios. Em alguns casos, uma exibição mais curta pode ser vantajosa mas, neste, tenho certeza que, o universo criado por Nelson Motta e retratado com enorme qualidade pelos roteiristas poderia render muito mais do que quatro capítulos, envolvendo e tornando os personagens mais familiares ao público.
Mesmo assim, o assassinato de Sereia ficou marcado como um trabalho de alta qualidade. E, como é bom quando surgem obras como essa, que nos fazem aumentar nossos parâmetros, mostrando que o público quer e aceita qualidade. "O Canto da Sereia" vai continuar ecoando.

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