"How To Get Away With Murder" mostra renovação em enredo aparentemente limitado

Lembro que, depois da estreia e do êxito da primeira temporada de "How To Get Away With Murder", me perguntei como aquilo ia continuar por mais tempo, já que, aparentemente, tratava-se de um enredo com prazo validade curto e definido. Eis que a série conclui a terceira temporada e, com a criatividade dos roteiristas só aumentando, foram encontradas ramificações na história, que a fizeram crescer em interesse e aproveitamento dos personagens.
O grande gancho do terceiro ano da atração, que terminou na quinta-feira (23), foi a morte de um importante personagem do núcleo central. Na pausa de episódios inéditos da temporada, conhecida nos Estados Unidos como "winter finale", o espectador descobriu que a vítima era Wes (Alfred Enoch), principal elo de ligação de Annalise (Viola Davis) com acontecimentos do passado. Morto dentro da casa da advogada, que foi incendiada em seguida, ela se torna a principal suspeita do crime.
Tentando provar que é vítima de uma conspiração da promotoria, Annalise chega aos momentos finais da temporada tentando proteger os alunos e, ainda assim, tentando fica livre da cadeia. A nova chance pode ser uma revelação de Connor (Jack Falahee), que foi uma das últimas pessoas a estar com Wes antes do incêndio na casa. Apesar de Annalise não permitir que ele conte sua versão dos acontecimentos para a Promotoria, Connor acaba descobrindo algo que pode elucidar o caso.
Enquanto isso, Laurel (Karla Souza), Michaela (Aja Naomi King) e Asher (Matt McGorry) se juntam para tentar esclarecer os fatos por outra via: os alunos de Annalise vão atrás de Charles Mahoney (Wilson Bethel), cuja família é acusada de conspirar para prejudicar Wes e a advogada.


Utilizando um recurso eficiente e, até certo ponto, corajoso para o enredo, que é a morte de um personagem central, "How To Get Away With Murder" provou que não tomou essa decisão "de graça", apenas para prender o espectador. As reações e os acontecimentos provocados pela morte de Wes mostraram uma decisão coerente, que desencadeou novos caminhos para a narrativa e aspectos interessantes dos personagens, especialmente de Annalise. Os roteiristas continuam demonstrando total controle e habilidade na condução não-linear da trama, que não se perde em nenhum momento, mesmo com as idas e vindas no tempo, e ainda se mostra um "quebra-cabeça" completo nos desfechos.
Apesar de todo o elenco ser bastante coeso, preciso falar (e provavelmente me repetir) sobre Viola Davis, que continua excepcional como a advogada implacável e cheia de nuances. Assombrada pelo passado, a personagem ganha "cores" diferentes a cada nova revelação, que a humanizam cada vez mais. Isso só ganha essa dimensão na tela por conta do imenso talento de Viola, que construiu uma personagem fascinante. Annalise não seria metade do que é sem Viola. Ainda aproveito para destacar mais uma participação de Cicely Tyson, sempre especial como a mãe da protagonista.
Renovada para a quarta temporada, "How To Get Away With Murder" sempre deixa uma ansiedade pelos próximos acontecimentos e, a julgar pelas últimas revelações do terceiro ano, novos e importantes desfechos envolvendo os personagens ainda estão por vir. Além disso, já se tornou impossível que a televisão fique tanto tempo sem a presença de Viola Davis.

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