O mesmo Charlie Sheen sem a mesma graça de antes

Ele continua o mesmo. Mulherengo, avesso aos relacionamentos sérios e sarcástico. Depois de viver uma vida de mordomias em uma casa de praia em Malibu, Charlie Sheen está de volta à TV para dar vida a um terapeuta envolvido em tratamentos contra a raiva. Em "Anger Management", que estreou nos Estados Unidos no último dia 28 de junho, o ator empresta novamente sua personalidade para compor um personagem.
Desta vez, Charlie (novamente o nome do ator é usado para o personagem) trabalha como psiquiatra realizando terapias de grupo com o intuito de controlar os ataques de fúria de seus pacientes. Divorciado, ele divide a guarda da filha Sam (Daniela Bobadilla) com a esposa, Jennifer (Shawnee Smith).
Como santo de casa não faz milagre, além de tratar da raiva dos outros, Charlie busca ajuda terapêutica para controlar seus próprios instintos furiosos, instintos esses que fizeram com que o personagem quase agredisse o namorado da ex-mulher e perdesse a carreira de jogador de beisebol anos antes. Charlie também se envolve sexualmente com a terapeuta, Kate (Selma Blair), comprometendo assim a relação paciente/profissional.
Tudo bem, eu até admito que talvez o Charlie de agora seja um pouco diferente do Charlie de antes. Em "Anger Management", o personagem é um pouco mais responsável que seu xará de "Two And A Half Men". Aqui, ele tem uma filha e parece estar preocupado com a criação dela e com valores com os quais o antigo Charlie não se importava. Porém, o telespectador não consegue ser convencido disso. Talvez porque Sheen tenha ultrapassado a linha entre o pessoal e o profissional, já que suas ações fora da ficção estão cada vez mais em evidência. Os últimos personagens de Sheen trazem características pessoais da vida do ator para as telas e elas acabam se sobressaindo mais do que o personagem. A "persona" do ator se tornou mais forte do que seus personagens.
O problema de "Anger Management" é um só, mas essencial para as comédias: a série não tem graça. As piadas são fracas e a história não conquista o espectador, da mesma maneira que aconteceu com o filme "Tratamento de Choque", no qual a série foi baseada. O único momento espirituoso do primeiro episódio é quando Charlie faz alusão à confusão que o tirou de "Two And A Half Men".
"Anger Management" traz para o público o mesmo Charlie Sheen de sempre, não importando qual seja o personagem e se há alguma diferença entre eles. O maior problema é que, mesmo semelhante, agora ele não tem graça. Que saudade dos gloriosos tempos de "Two And A Half Men".

Em tempo: A série se tornou a melhor estreia do canal FX nos Estados Unidos. Aqui no Brasil, ela tem previsão de estrear no segundo semestre, no canal TBS. 

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