"Better Call Saul": tão próxima e tão distante de "Breaking Bad"

Quando estreiam, as séries que nascem derivadas de outras, os chamados spin-offs, já vão ao ar carregando um grande peso nas costas. Elas precisam lidar com as expectativas daqueles fãs ardorosos do programa anterior e convencer por sua própria identidade. Com "Better Call Saul", que chegou ao Netflix nesta segunda-feira (9), isso não foi diferente. A nova série, criada a partir do sucesso "Breaking Bad", mostrou, no primeiro episódio, que respeita suas origens e, ao mesmo tempo, impôs seu espaço como um produto independente e original.
Em "Better Call Saul", somos apresentados ao início da carreira do advogado Saul Goodman (Bob Odenkirk), que fazia de tudo para livrar a cara de Walter White (Bryan Cranston) em "Breaking Bad". No começo, ele era Jimmy McGill e, sem uma cartela de clientes, vivia do salário pago pela defensoria pública para representar aqueles que não podiam pagar pelos serviços de um advogado.
Com uma conta bancária no vermelho e um escritório que funciona nos fundos de um salão de beleza, McGill não deixa de vislumbrar um futuro promissor. Para isso, ele tenta convencer o irmão Chuck (Michael McKean) a receber uma indenização de um escritório de advocacia, dinheiro este que poderia ser empregado na qualidade de vida dos dois. 
A série ainda mostra McGill se aproximar da personalidade do futuro Saul Goodman. Quando conhece dois irmãos que vivem de aplicar golpes no trânsito, o advogado vê uma possibilidade de ganhar dinheiro fácil. Ele só não contava que o plano daria mais do que errado e que encontraria um perigoso bandido, muito conhecido dos fãs de "Breaking Bad".
Logo de cara, "Better Call Saul" já deixa claro que é um spin-off inteligente. A nova série de Vince Gilligan e Peter Gould constrói uma narrativa muito próxima da série que a originou, formada por diálogos criativos e sequências pouco óbvias. A câmera da direção e a fotografia também lembram bons momentos de "Breaking Bad".
Mesmo próxima, "Better Call Saul" consegue, na mesma proporção, ser muito distante da original e firmar sua própria identidade. A principal diferença é o tom cômico, que deixa a história mais leve. A comédia é inserida de forma natural, resultando em situações engraçadas, mas sem exageros. Outro ponto importante é que, mesmo com as referências presentes, os criadores souberam explorar novos caminhos e vidas independentes para conhecidos personagens.
Com uma boa estreia e com muitas pontas soltas, que devem ser amarradas com o decorrer dos episódios, "Better Call Saul" soube ficar, de uma forma saudável, próxima e, ao mesmo tempo, muito distante de "Breaking Bad". Fica claro, aqui, que a intenção não é recriar um sucesso, mas sim, fazer um novo. Ainda é cedo para dizer se isso vai acontecer, mas, julgando pelo primeiro episódio, tudo indica que a série promete render bons momentos. 


Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Mesmo com protagonista descaracterizada, "Gabriela" foi bom entretenimento

Final de "Revenge" decepciona e desvaloriza confronto entre protagonistas

The Blacklist apresenta novo gancho para trama central e introduz spin-off arriscado