"Fargo" volta para terceira temporada promissora e sem perder inspiração original

Sempre digo que "Fargo" é uma das séries mais bem escritas e produzidas em exibição na TV. Por conta disso, a produção fez falta na grade de programação do ano passado, mas, a julgar apenas pelo primeiro episódio, esse período maior de espera para a terceira temporada fez bem para a história, que não perdeu a inspiração original e pode render mais um ano excelente para a atração.
Com uma trama diferente a cada temporada, "Fargo" volta com mais uma história originada a partir de um crime nada perfeito. O ponto de partida é o conflito entre os irmãos gêmeos Emmit e Ray Stussy (Ewan McGregor), que vivem vidas opostas. Enquanto Emmit vive uma vida de conforto, beneficiada pela herança da família, Ray é mais modesto e sobrevive de seu trabalho de oficial de condicional. Em busca de dinheiro para comprar um anel para a namorada Nikki (Mary Elizabeth Winstead), Ray procura o irmão no dia da comemoração de 25 anos de casamento dele.
Diante da negativa de Emmit, o gêmeo decide armar um plano para roubar um valioso selo do irmão, também parte da herança da família. Para isso, Ray pede ajuda de Maurice (Scoot McNairy), um dos presos em condicional atendidos por ele. O plano foi armado para não dar errado, mas o bandido acaba perdendo o endereço da casa de Emmit e, então, resolver tentar lembrar do que estava escrito no papel dado por Ray.
Traído pela memória, Maurice vai parar na casa de Ennis (Scott Hylands), o padrasto da policial Gloria (Carrie Coon), e, em busca do selo, acaba matando o dono da casa. Quando descobrem a trapalhada de Maurice, Ray e Nikki acabam encontrando um jeito de matá-lo, para impedir que a polícia chegue até eles e, com isso, está dado o pontapé inicial a mais um crime imperfeito da série.
Escrita e dirigida por Noah Hawley, a terceira temporada de "Fargo" se mostra promissora desde os primeiros minutos. A construção do roteiro continua seguindo a linha dos anos anteriores e apresenta uma trama que cresce gradualmente ou, como eu gosto de chamar, é uma história "panela de pressão", que vai concentrando forças até explodir no fim.
As inspirações originais, tiradas do filme de mesmo nome e retratadas na primeira temporada, continuam presentes. É impressionante, aliás, que Hawley consiga, cada vez mais, contar as histórias ao melhor estilo dos irmãos cineastas Joel e Ethan Coen, que levaram "Fargo" aos cinemas anteriormente e, agora, produzem a versão televisiva. Falando da história ou da estética, são facilmente perceptíveis as influências dos Coen em qualquer uma das temporadas, o que ajuda, inclusive, a pontuar o clima da produção.
Sobre as atuações, ainda é muito cedo para qualquer veredito, mas já é possível dizer que Ewan McGregor pode ter a "chance da vida" para mostrar um trabalho mais consistente, diferente do que já fez, especialmente, no cinema. Nas primeiras cenas, pelo menos, ele já mostrou que está disposto a isso. Carrie Coon é outra atriz que pode se destacar na temporada.
"Fargo" demorou, mas voltou reforçando a intenção de continuar sendo uma das grandes séries de TV da atualidade, mesmo que o público em geral ainda não tenha descoberto suas qualidades. Promissor, o terceiro ano tem tudo para se igualar aos outros em qualidade, apresentando mais uma "panela de pressão", que pode explodir a qualquer momento.

FARGO (terceira temporada)

ONDE: FX (Estados Unidos); ainda sem previsão de estreia no Brasil

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Mesmo com protagonista descaracterizada, "Gabriela" foi bom entretenimento

Final de "Revenge" decepciona e desvaloriza confronto entre protagonistas

The Blacklist apresenta novo gancho para trama central e introduz spin-off arriscado