"Game of Thrones" consolida mudança de narrativa e acelera rumo ao fim


Acho que em nenhuma outra temporada "Game of Thrones" fez tanto barulho como no sétimo ano, que terminou neste domingo (26). Também pudera, já que, depois de tanta expectativa, finalmente, a série se encaminha para o fim e, por isso, tem a trama focada nos núcleos principais da história. Em cada um dos episódios, são inúmeros os acontecimentos marcantes e decisivos para encerrar a luta pelo Trono de Ferro de Westeros. Para focar no desfecho, a produção precisou mudar de ritmo, sendo essa a grande marca da temporada que se encerrou.
Depois de cinco temporadas como uma série complexa e estratégica, "Game of Thrones" começou a dar sinais de mudança no sexto ano, marcado pelos movimentos importantes de personagens que, até então, giravam em torno dos próprios núcleos. Agora, na sétima temporada, vemos que essa transição de narrativa ficou completa com a apresentação de um novo ritmo para a história. Não há mais tempo a perder. Tramas secundárias, antes bastante exploradas, agora se fundiram aos núcleos centrais e apenas orbitam em torno deles, para, com certeza, terem um desfecho nos episódios finais.
Antes contada em um ritmo mais lento, apesar de estrategicamente intenso nos momentos certos, "Game of Thrones" mostrou, agora, que deixou as sutilezas de lado. Não há mais tempo para longas viagens entre Winterfell e King´s Landing, o sul e o norte de Westeros estão separadas apenas por uma cena. Também não há mais elaboração de alianças ou pacientes planos de guerra. A série passou a ser "ação e reação", um ataque rende outro, encontros acontecem muito rápido, mensagens em corvos são entregues na velocidade da luz.
Esse ritmo novo provoca, inclusive, efeitos no texto, que perdeu sutileza e elaboração de trama. No atual momento, diálogos são mais explícitos e alguns desfechos se tornaram muito óbvios, ainda que cercados por outras boas surpresas.
Essa mudança de narrativa foi sentida pelos espectadores, o que provocou, inclusive, algumas reclamações sobre a forma como os acontecimentos são mostrados agora. Essas críticas fazem algum sentido? Fazem todo sentido! Uma série que se rende a essas características deixa os defeitos mais evidentes, simplifica demais aquilo poderia ser mais sofisticado. Isso prejudica a série para o que ainda está por vir? Tenho quase certeza que não!
"Game of Thrones" já tem os espectadores "no bolso", já sabe o que fazer para cativar o público e alimentar o potencial para se tornar uma das séries mais populares de todos os tempos. Como poucos, os roteiristas conseguiram criar um desfecho que, mesmo não sendo tão elaborado quanto antes, consegue mobilizar os fãs até mais do que nas outras temporadas. Explorando elementos dramatúrgicos clássicos, a série criou cenas e desfechos impactantes em cada um dos sete episódios da sétima temporada.
Muitos acontecimentos marcaram a temporada: Jon Snow (Kit Harington) e Daenerys Targaryen (Emilia Clarke) se uniram na luta contra o Rei da Noite e para tomar a coroa de Cersei (Lena Headey); Arya (Maisie Williams), Sansa (Sophie Turner) e Bran (Isaac Hempstead Wright) voltaram para Winterfell; um dos dragões de Daenerys foi morto e, em seguida, recrutado para o exército de mortos que marcha para a Grande Guerra; e a origem de Jon Snow finalmente foi esclarecida.
Realmente, "Game of Thrones" mudou muito. Está sendo contada de uma forma diferente, mais acelerada e menos sutil, já que caminha para os últimos seis episódios. Isso poderia ter sido um desastre, mas não foi. Mesmo assim, a série ainda está acima da média e é um entretenimento muito prazeroso, pelo qual dá gosto esperar pelo próximo episódio. Pena que, agora, essa espera será longa... tão longa quanto a expectativa pela chegada do inverno. A certeza, no entanto, consola: o inverno chega e, quando isso acontecer, será em uma intensidade absurda!

GAME OF THRONES (sétima temporada)

ONDE: HBO

COTAÇÃO: ★★★★ (ótima)

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