"A Teia" impressiona pela qualidade do roteiro e das cenas de ação

Enquanto a TV americana se destaca pelos bons seriados que vem apresentando, os canais brasileiros de televisão aberta ainda engatinham na área e ainda apresentam, majoritariamente, séries que seguem a cartilha das sitcoms americanas dos anos 80 e 90. De vez em quando, porém, um sopro de novidade surge e nos faz pensar que podemos, sim, ter ótimos trabalhos na televisão brasileira. A estreia de "A Teia", nova série policial que a TV Globo estreou na última terça-feira (28), é um bom exemplo da qualidade dramatúrgica que pode ser oferecida ao público.
Apostando em cenas tensas e frenéticas, "A Teia" começa com o roubo de uma carga de ouro do Aeroporto Internacional de Brasília. O crime foi executado pelo bando de Marco Aurélio Baroni (Paulo Vilhena), um bandido inteligente e carismático que pensa em todos os detalhes para enganar a Polícia Federal. Para investigar o caso, a polícia designa o delegado Jorge Macedo (João Miguel), um oficial de personalidade forte e rápida capacidade de raciocínio. 
Quando Baroni deixa pistas para trás, que podem desvendar o crime, Macedo é convidado para assumir o caso mas, em troca, quer ajuda para voltar a trabalhar em Fortaleza, onde deixou uma ex-esposa e a filha. Enquanto isso, para colher os louros do roubo, Baroni viaja com a namorada Celeste (Andreia Horta), mostrando-se um homem apaixonado e tratando a filha dela como se fosse sua.
Inspirada em acontecimentos reais, "A Teia" impressiona logo de cara, ao apostar no eficiente recurso de mostrar um ponto decisivo da história para, depois, retroceder no tempo e apresentar a linha do tempo da trama. O roteiro de qualidade prende a atenção, investindo em cenas de flashback e em diálogos realistas e inspirados. A edição é um capítulo à parte, que valoriza a câmera nervosa do diretor Rogério Gomes. Também vale a pena destacar a trilha sonora, incomum na televisão brasileira, e que traz músicas de bandas como Nirvana e Rolling Stones.
O elenco também deu show na estreia de "A Teia". João Miguel é ótimo ator e valoriza cada cena com sua interpretação. O mesmo pode-se dizer de Andreia Horta, sempre muito bem. Os coadjuvantes Denise Weinberg e Carlos Miele, com participações pequenas no primeiro episódio também se destacam. Paulo Vilhena, com um dos personagens centrais da trama, ainda não impressionou, mas faz um bom trabalho.
Escrita por Bráulio Mantovani e Carolina Kotscho, "A Teia" é um sopro de esperança para os seriados brasileiros. Apostar em trabalhos desse formato, com qualidade de texto e produção, é um caminho acertado para a nossa televisão. Que venham outros como esse.

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