"Tomara Que Caia" não tem ideia do que fazer para agradar o espectador

Divulgação/TV Globo
Antes de estrear, há duas semanas, as próprias chamadas do programa "Tomara Que Caia", da TV Globo, já denunciavam que nem mesmo os envolvidos na atração sabiam o que estavam apresentando ao público. "É game? Ou é humor?", diziam as propagandas. Passados dois programas, o espectador consegue perceber que todos ainda não têm a menor ideia do que querem fazer para atrair alguns pontos de audiência.
Com uma proposta de misturar comédia e interatividade, "Tomara Que Caia" traz um grupo de atores, que se dedicam a contar uma história diferente a cada semana. Divididos em dois grupos de quatro pessoas, eles se alternam no palco e são interrompidos pelo resto dos participantes, que podem "trollar" aqueles que estão em cena. Com o slogan "O dono da piada é você", a atração ainda criou um canal para que o espectador possa votar no grupo que mais agrada e que, por conta disso, pode continuar em cena com a história.
Na primeira semana, pudemos ver um programa confuso, com atores ainda se adaptando ao novo formato, um texto pobre e uma interatividade com o público que mais atrapalhou do que ajudou. No segundo programa, algumas arestas foram aparadas e a atração voltou mais enxuta, porém, ainda carregando a maioria dos problemas de antes.
A fragilidade mais visível de "Tomara Que Caia" é o texto, que peca pela pobreza de conflitos, personagens caricatos e resoluções preguiçosas. As piadas, afinal esse também deveria ser um programa de humor, são extremamente ingênuas e batidas, o que é capaz de provocar apenas risos de constrangimento.
Como se não bastassem os problemas relacionados à graça, o programa ainda coloca em cena a pretensa interatividade com o público, que só faz prejudicar ainda mais o andamento da história. Já disseram alguns dos grandes comediantes que a comédia é feita, dentre outras coisas, de ritmo, só que as interrupções para "trolladas" interrompem qualquer tentativa harmônica de fazer humor. As pausas, ao invés de interessantes e engraçadas, só deixam a atração mais arrastada e sem sentido.
O elenco tem bons atores de comédia, como Heloísa Périssé, Fabiana Karla, Daniele Valente e Nando Cunha, mas estes não conseguem fazer muita coisa diante das condições apresentadas. Os demais, como Marcelo Serrado e Priscila Fantin, parecem invariavelmente perdidos em cena. Escalado para ajudar nas "trolladas", o grupo Os Barbixas fica restrito a, no máximo, duas participações e também não consegue emprestar alguma graça ao programa. 
No fim das contas, duas perguntas são respondidas. "Tomara Que Caia" é game? Não, porque não entretém e nem mesmo diverte com a interatividade pretendida e, na minha opinião, superestimada. Mas, então, é humor? Também não é, já que o texto não é engraçado e as histórias são muito entediantes. Exibido nos difíceis finais de noite de domingo, "Tomara Que Caia" não consegue ser nada do que pretendia. A tentativa de criar um programa novo merece ser louvada, mas sua má execução não é capaz de provocar elogios. 

TOMARA QUE CAIA

Quando: todos os domingos

Onde: Globo

Horário: Após o Fantástico (por volta das 23h15)

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