Minisséries brasileiras que deveriam estar no catálogo do Globoplay

Crédito das fotos: Divulgação/TV Globo


Uma das grandes sacadas do Globoplay foi o projeto de disponibilizar novelas clássicas do acervo da TV Globo na plataforma de streaming. A cada quinze dias, um folhetim é incluído no catálogo e faz a alegria dos fãs do gênero nas redes sociais, que comemoram a possibilidade de maratonar os capítulos da forma e no ritmo que quiserem.

Tão interessantes quanto o acervo de novelas da TV Globo são as opções de minisséries que a emissora possui. O gênero, que foi perdendo espaço na programação do canal ao longo dos anos, tem grandes obras que deveriam ganhar da plataforma a mesma atenção que os clássicos folhetins do canal.

Históricas, inspiradas em obras literárias, lúdicas, satíricas. As minisséries contribuíram para que o grande público de televisão tivesse acesso a vários tipos de histórias. Com o passar do tempo, no entanto, tiveram os números de capítulos diminuídos, por conta dos altos investimentos feitos nessas obras, até sumirem totalmente das grades da emissora.

Diante desse sumiço da televisão aberta, o streaming poderia receber essas minisséries, agradando, assim, aqueles que gostariam de rever as obras, da mesma maneira que acontece com as novelas. Pensando nisso, resolvi listar algumas boas opções que já deveriam ter engrossado o catálogo do Globoplay.

- A Casa das Sete Mulheres (2003)

Adaptação do livro homônimo de Letícia Wierzchowski, a minissérie de Maria Adelaide Amaral e Walther Negrão colocou a força feminina no centro da Revolução Farroupilha na década de 1830, no sul do Brasil. Enquanto o líder Bento Gonçalves (Werner Schünemann) e suas tropas se mobilizavam nos campos de batalha, as mulheres da família dele eram afetadas pelo conflito de diversas formas. Manuela (Camila Morgado), filha do general farroupilha, foi a que mais se envolveu no episódio por conta da paixão por Giuseppe Garibaldi (Thiago Lacerda) e dos conflitos com Anita (Giovanna Antonelli), que também se apaixonou por ele. Misturando acontecimentos históricos e ficção, "A Casa das Sete Mulheres" teve uma produção grandiosa e um elenco muito competente, além do bom texto da dupla de autores. Com certeza, uma das grandes obras do gênero.

- Mad Maria (2005)

Muita gente sequer fazia ideia de todos os percalços que os operários da Madeira-Mamoré passaram para construir a estrada de ferro no meio da Floresta Amazônica até que "Mad Maria" fosse lançada na TV aberta. Eu era uma dessas pessoas, inclusive. Rapidamente, fui tomado pela curiosidade de saber mais sobre a rotina daqueles homens, que se expuseram a doenças e conflitos violentos pelo projeto, defendido a todo custo pelo empresário norte-americano Percival Farquhar (Tony Ramos). A história também focava na chegada de Consuelo (Ana Paula Arósio) à floresta, depois de ter sofrido um acidente com o noivo. Inspirada no livro de Márcio Souza, "Mad Maria" foi adaptada por Benedito Ruy Barbosa, que não suavizou o texto na hora de retratar as condições difíceis vividas pelos trabalhadores que construíram a ferrovia. Juca de Oliveira, Antonio Fagundes, Cássia Kiss e Othon Bastos eram alguns dos ótimos nomes do elenco.

- Queridos Amigos (2008)

Ao descobrir que tem pouco tempo de vida, Léo (Dan Stulbach) decide reunir um grupo de amigos que não se vê há tempos. A aproximação traz de volta conflitos, traumas, ressentimentos e afinidades entre eles, por isso, o protagonista toma a decisão de simular a própria morte para ajudá-los a resolver todas as questões pendentes. Escrita por Maria Adelaide Amaral, a partir do romance "Aos Meus Amigos", da própria autora, a minissérie construiu uma bela história sobre amizades reais, daquelas que compartilham bons e maus momentos, e ainda retratou os pensamentos e desejos de uma geração que viveu a repressão do regime militar. Em uma das cenas mais marcantes da obra, Iraci (Fernanda Montenegro) confronta o homem que torturou a filha dela, Bia (Denise Fraga), durante a Ditadura, expondo a violência praticada por ele na época. Um ótimo retrato geracional e uma homenagem ao valor dos amigos.

- Anos Dourados (1986)

Antes da clássica "Anos Rebeldes", Gilberto Braga escreveu sobre os valores da classe média carioca dos anos 50 em "Anos Dourados" minissérie protagonizada por Malu Mader e Felipe Camargo. No centra da trama, estava o amor questionado por preconceitos da época, uma vez que os pais conservadores de Lurdinha (Malu) não aceitavam que a filha se envolvesse com Marcos (Camargo), filho de pais separados. Além disso, a obra falava de questões como infidelidade e as descobertas da juventude daquele período. Além da história, o elenco e a trilha sonora eram fatores que prendiam a atenção do público nos conflitos dos personagens. "Anos Dourados" ganhou uma edição em formato de filme que está no Globoplay, mas os assinantes merecem a versão original.

- Um Só Coração (2004)

Minissérie que exigiu uma vasta pesquisa histórica dos autores Maria Adelaide Amaral e Alcides Nogueira, "Um Só Coração" foi produzida como uma homenagem a São Paulo, que completava 450 anos na época. Ambientada em um período de mais de três décadas na cidade, a obra retratou diversos acontecimentos, como a Semana de Arte Moderna de 1922; a crise de 1929; a Revolução de 1932; a Era Vargas; e a ameaça de movimentos como o nazismo e o fascismo. A protagonista era Yolanda Penteado (Ana Paula Arósio), herdeira de uma família quatrocentona que tenta romper a vigilância da mãe para viver um amor proibido. Nesse caminho, se envolve com artistas modernistas, como Tarsila do Amaral (Eliane Giardini), e figuras visionárias, como Santos Dumont (Cássio Scapin). Um dos destaques do elenco primoroso era Tarcísio Meira, que viveu o repugnante coronel Totonho. 

- Hoje é Dia de Maria (2005)

Adaptação da obra de Carlos Alberto Soffredini, "Hoje é Dia de Maria" trouxe uma estética teatral para as minisséries, uma marca do trabalho do diretor Luiz Fernando Carvalho. Na primeira leva de episódios, o público acompanhou a menina Maria (Carolina Oliveira) por um caminho até as franjas do mar. Para chegar a esse destino, ela enfrenta as maldades da Madrasta (Fernanda Montenegro) e de Asmodeu (Stênio Garcia), o demônio que rouba a infância da garota e a faz crescer antes do tempo. Na segunda jornada, a protagonista vai parar em uma cidade grande, onde descobre mais sobre o consumismo e a intolerância dos homens. Com um elenco excepcional e uma estética lúdica, a minissérie é um deleite. Também está disponível em formato de filme no Globoplay, mas merece que a versão em capítulos seja incluída no catálogo.

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