Estreia de "Code Black" erra no ritmo e na apresentação dos personagens

Séries médicas, de um modo geral, seguem uma cartilha básica para agradar o público, mesclando os dramas dos personagens com os inúmeros casos e pacientes que passam por um hospital. É claro que seguir esse caminho não garante sucesso pra ninguém. Na estreia de "Code Black", nova produção do gênero que estreou na semana passada, nos Estados Unidos, conseguimos facilmente identificar que essa "fórmula" está presente. Tentando inovar em cima no segmento, os criadores da atração acabam "pesando a mão" e prejudicando o ritmo da história e a apresentação dos personagens.
"Code Black" narra a rotina dos médicos que trabalham no pronto-socorro mais movimentado de Los Angeles. Por se tratar do sistema público de saúde norte-americano, o hospital funciona sempre em um ritmo frenético, com seus funcionários constantemente à espera do "code black" do título, termo usado para denominar a situação do lugar quando não há capacidade estrutural ou de pessoal para atender a todos os pacientes.
Em meio aos desafios de um pronto-socorro lotado, os médicos Malaya (Melanie Chandra), Mario (Benjamin Hollingsworth), Angus (Henry Ford) e Christa (Bonnie Somerville) enfrentam o primeiro dia de suas residências, orientados por Jesse Salinger (Luis Guzmán), o enfermeiro-chefe do hospital. Considerado um dos "mandas-chuvas" do lugar, ele só perde em autoridade para a médica Leanne Rorish (Marcia Gay Harden), profissional respeitada e de personalidade que tenta superar um trauma ainda pouco revelado na história.
Um paciente que recebeu um tiro no pescoço, um grave acidente de carro, um jovem com um ferimento na cabeça e uma grávida contaminada por monóxido de carbono são alguns dos casos que movimentam o episódio e o time de médicos do hospital Angels Memorial. Em muitos atendimentos, a personalidade forte de Leanne confronta-se com a filosofia do médico Neal Hudson (Raza Jaffrey), outro importante membro da equipe.
À princípio, "Code Black" chama atenção pela ambientação da história, que não se passa em um hospital organizado e moderno dos Estados Unidos, mas sim em um caótico pronto-socorro do sistema público de saúde. A abordagem pode ser considerada uma boa novidade apresentada pela série, que, se bem explorada, pode render conflitos interessantes à trama.
A série, no entanto, peca, logo de cara, em dois pontos fundamentais. O primeiro deles é o ritmo do episódio, que claramente tenta ser ágil. O grande problema aqui é que, para dar velocidade ao enredo, um número exagerado de casos é apresentado de forma atropelada, sem que as histórias possam ser melhor desenvolvidas. O resultado são tramas facilmente esquecíveis, que não conquistam o espectador.
O outro erro da estreia fica por conta da construção e apresentação dos personagens. Sem exceção, todos os tipos criados ali podem ser vistos em outras séries do gênero, como a nerd, a durona, o obstinado, a traumatizada e o influenciado pela família. O problema, na verdade, vai mais além e se dá pelo fato dos personagens serem "desenhados" com pouca profundidade, sem nuances e nem carisma. Mesmo Marcia Gay Harden, excelente atriz, não consegue grandes feitos com a personagem que tem nas mãos.
Com estreia programada para esta quarta-feira (7), no Brasil, "Code Black" erra na tentativa de dar velocidade à história e na pobre construção dos personagens. Com algumas qualidades, como a ambientação da trama, a série, talvez, ainda possa correr atrás do prejuízo e corrigir seus erros. Isso, no entanto, só o tempo vai revelar.


CODE BLACK (primeira temporada)

Quando: a partir do dia 7 de outubro, todas as quartas-feiras

Horário: 21h30

Onde: Sony Entertainment Television

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