"Romance Policial - Espinosa" é enfraquecida por ausência de conflitos centrais

Séries policiais costumam seguir dois caminhos: ou apresentam diversos casos a serem decifrados ou, então, se debruçam sobre um único mistério em sua trajetória. É claro que há caminhos alternativos, mas, em geral, essas são as principais opções dos autores. Existe, no entanto, um elemento fundamental para qualquer uma dessas "fórmulas". Seja qual for o caminho escolhido, é necessário que as tramas sejam costuradas por uma história central, que envolva os principais personagens da produção. A ausência de um enredo como esse é a principal falha da estreia da série brasileira "Romance Policial - Espinosa", que começou a ser exibida na última quinta-feira (15), pelo canal por assinatura GNT.
Baseada no livro "Uma Janela para Copacabana", do escritor Luiz Alfredo Garcia-Roza, a série traz para as telas o famoso detetive Espinosa, consagrado nas páginas de diversas obras do autor. No episódio de estreia, o público logo descobre que um assassino desconhecido é responsável pela morte de um policial. A única testemunha do crime é um idoso com problemas mentais, que mal consegue dizer algumas palavras.
À frente do caso está o delegado Espinosa (Domingos Montagner), que fica intrigado com a forma como o colega de trabalho foi morto: com um tiro na nuca e sem qualquer sinal de resistência, o que leva a crer que o assassino conhecia a vítima. Durante a investigação, o detetive começa a desconfiar que o policial poderia estar envolvido em negócios escusos dentro da corporação. A desconfiança de Espinosa desperta a atenção de outros colegas, também de comportamento muito suspeito.
Para obter mais informações sobre alguns colegas, Espinosa conta com a ajuda informal da garçonete Luana (Bianca Comparato), que mantém um relacionamento com ele. A equipe do detetive também mostra-se dedicada em resolver o mistério, especialmente a policial Andressa (Chandelly Braz). A investigação ganha novos contornos com a descoberta de que uma das vítimas mantinha um caso com Camila (Nanda Costa), uma dançarina de boate que pode estar ameaçada pelo envolvimento no caso.
Na estreia, "Romance Policial - Espinosa" dá a impressão de ter um mistério muito bem construído, que consegue instigar o público a cada nova descoberta. A série, no entanto, tem um problema grave, do meu ponto de vista, que é a falta de conflitos dos personagens centrais. Muito focada nos crimes, a produção não construiu, no primeiro episódio, um "elo" de ligação entre o público e o personagem central. Espinosa não possui, pelo menos por enquanto, uma trama dele para "costurar" o mistério, que, por conta disso, parece gravitar no episódio.
Por conta do que já foi apresentado, ainda não é possível destacar algum nome do elenco, mas vale acompanhar com atenção os trabalhos de Domingos Montagner e Bianca Comparato.
Se não fosse pela falta de um conflito central interessante, "Romance Policial - Espinosa" poderia ter tido um estreia mais interessante. Mas, nada ainda está perdido. É possível que a série ainda aposte mais em tramas dos protagonistas para dar "liga" ao crime que move a produção. Torço para que isso aconteça e, assim, possamos ver uma boa série policial, gênero em que a televisão brasileira ainda deixa a desejar.  


ROMANCE POLICIAL - ESPINOSA (primeira temporada)

Quando: a partir de 15 de outubro, todas as quintas-feiras

Onde: GNT

Horário: 22h30

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