Melhores séries e minisséries de 2020

Fotos: Divulgação

Quem respeitou as regras de isolamento social e se preocupou com a saúde do próximo, encontrou nas séries uma ótima forma de fugir um pouco do peso que essa rotina impôs. Entre as horas de trabalho e os demais afazeres da rotina doméstica, muita gente descobriu nessas produções a melhor forma de lazer e uma tentativa de minimizar os efeitos desse maçante 2020, que está chegando ao fim.
Não foram poucas as boas opções de séries e minisséries que chegaram aos canais de TV e aos serviços de streaming nesse ano. Para manter a tradição das listas desse período, reuni as 12 melhores produções do gênero desse 2020 que pareceu interminável. Algumas, inclusive, foram exercícios de memória por terem ido ao ar no início do ano, que dá a impressão de ter sido em outra década. Vamos a elas:

12) Sex Education (Netflix)

Para lidar com a realidade de 2020, só mesmo com boas risadas e elas surgem facilmente com "Sex Education". Lá no início do ano, a plataforma de streaming Netflix lançou a segunda temporada da história sobre as descobertas sexuais dos adolescentes de uma escola do Reino Unido. Com um roteiro muito inteligente, a série desconstrói estereótipos da adolescência dando profundidade aos personagens e mostrando que os medos e as incertezas dessa faixa etária surgem independente das diferenças. "Sex Education" também revela a importância da informação e das conversas para a vida sexual dos jovens. Bem entregue à proposta, o elenco é um show à parte, com destaque para a ótima Gillian Anderson e os protagonistas Asa Butterfield e Emma Mackey.

11) Sob Pressão - Plantão Covid (Globoplay)

Em plena pandemia do novo coronavírus, "Sob Pressão" ganhou dois episódios especiais concebidos como uma forma de homenagear os profissionais da saúde que atuam na linha de frente contra a Covid-19. Mesmo não sendo uma temporada regular da série, "Plantão Covid" merece lugar nessa lista por superar a linha do entretenimento e prestar um importante serviço ao público. Em meio a tanto desprezo pela ciência, pelo bem-estar da população e campanhas sustentadas por mentiras, os episódios especiais surgiram para mostrar os dramas de milhares de famílias e para reforçar o valor do Sistema Único de Saúde (SUS), que faz o que pode para minimizar os efeitos da doença sobre a população. As histórias ganharam ainda mais força com a entrega de atores como Júlio Andrade, Marjorie Estiano, Bruno Garcia e Marcos Caruso.

10) Little Fires Everywhere (Amazon Prime Video)

Minissérie baseada no livro homônimo de Celeste Ng, "Little Fires Everywhere" busca no melodrama a inspiração para os conflitos entre as mães vividas por Reese Whiterspoon e Kerry Washington e os respectivos filhos. Em oito episódios, a produção mostra dramas da maternidade agregados a importantes reflexões sobre racismo e privilégios. As tramas se misturam e instigam a curiosidade do espectador sobre o desfecho dos personagens, todos com construções humanizadas, longe do maniqueísmo. Rodeadas de bons atores, Reese e Kerry brilham na pele de mulheres separadas por um abismo de diferenças sociais. É um ótimo entretenimento e pode levar discussões fundamentais para a vida de quem assiste.

9) Bom dia, Verônica (Netflix)

As séries brasileiras ainda lutam por mais destaque nesse vasto mercado mundial de entretenimento, o que só virá com o aperfeiçoamento da dramaturgia do gênero. "Bom dia, Verônica" deu uma importante contribuição nesse sentido. A adaptação do livro de Raphael Montes e Ilana Casoy elevou o patamar das produções nacionais ao criar um bom suspense e inserir a questão da violência doméstica na proposta. O resultado é um roteiro que prende a atenção do início ao fim, personagens complexos e uma qualidade estética pouco vista nas séries brasileiras. É bem verdade que "Bom dia, Verônica" esbarra em alguns vícios da nossa dramaturgia, mas ela indica um amadurecimento dos produtos que estão surgindo por aqui. Que continue assim.

8) O Gambito da Rainha (Netflix)

A minissérie de sete episódios é um dos grandes sucessos da Netflix em 2020 e merece tanto êxito. "O Gambito da Rainha" transforma morosas partidas de xadrez em fontes de tensão e adrenalina para o espectador, que se deixa levar pelo talento da protagonista Elizabeth (Anya Taylor-Joy) no jogo. Órfã e precocemente dependente de medicamentos, a jovem descobre que os maiores desafios que enfrenta são consequências da genialidade que carrega e das frustrações que a vida impõe. Não dá para negar que a minissérie apela para alguns clichês narrativos, mas isso não compromete a qualidade dessa produção, que conta, ainda, com ótimos atores e ambientação.

7) The Boys (Amazon Prime Video)

Se a proposta ousada de "The Boys" já tinha chamado atenção na primeira temporada, no segundo ano a produção conseguiu superar a qualidade dos roteiros e dos temas levantados. Mais políticos, os episódios lançados neste ano introduziram novas tramas e personagens, além de terem explorado mais a complexidade dos heróis nada honrados. "The Boys" continua abordando questões como machismo, abusos e racismo de forma eficiente e acrescenta discussões políticas à proposta de fazer uma crítica eficiente sobre a nossa sociedade. A violência das sequências de ação não é gratuita e está alinhada às intenções de mostrar um grupo de "heróis" sem nenhuma responsabilidade pelos próprios atos.

6) Todas as Mulheres do Mundo (Globoplay)

Domingos Oliveira, cineasta e dramaturgo brasileiro que morreu em 2019, tinha a habilidade de retratar a complexidade do amor nos filmes e espetáculos que lançou. A riqueza da obra do artista é homenageada em "Todas as Mulheres do Mundo", série que leva o nome do filme mais famoso de Oliveira. O foco da história é a paixão de Paulo (Emílio Dantas) e Maria Alice (Sophie Charlotte), com todas as dores e as delícias que o sentimento pode proporcionar. O grande mérito da produção é mostrar todas as imperfeições das relações amorosas e não impor julgamentos sobre elas. A trilha sonora de "Todas as Mulheres do Mundo" é uma preciosidade e fundamental para a identidade das mulheres que passam pela vida de Paulo. Quem procura uma dose extra de amor para compensar esse ano difícil, vai encontrar na série.

5) I May Destroy You (HBO GO)

Criada por Michaela Coel a partir de um episódio real da vida dela, "I May Destroy You" é uma série dura e extremamente necessária. A trama apresenta Arabella (Michaela), uma escritora promissora às voltas com o prazo de entrega de um novo livro. Convencida a fazer uma pausa no trabalho, ela encontra com amigos em um bar, é drogada e estuprada por um homem desconhecido. No dia seguinte, apenas lembrando de fragmentos da noitada, ela procura a polícia e uma forma de continuar com a vida depois dessa violência. "I May Destroy You" tem uma narrativa dinâmica e uma temática forte, mas consegue encontrar certa leveza em momentos irônicos, sem perder, claro, o propósito. A série levanta discussões como machismo, consentimento, sexualidade e, especialmente, mostra os efeitos da violência sexual em uma mulher. Moderna, bem escrita e relevante em qualquer tempo.

4) Dark (Netflix)

A série alemã de ficção científica fechou um ciclo de três temporadas em 2020 e não fez feio. Finalmente, os espectadores viram o desfecho do emaranhado temporal que unia os personagens e dava um nó na cabeça do público. A inserção de uma terceira realidade em "Dark" aprofundou os conflitos da série e conseguiu manter o interesse, mesmo apelando para um desfecho preguiçoso para explicar todas as conexões. Nem essa escorregada foi capaz de atingir as qualidades que a série construiu nos dois primeiros anos. Com inteligência, a produção amarrou as pontas soltas deixadas anteriormente e incentivou discussões sobre as teorias utilizadas para explicar os ciclos temporais e intermináveis daqueles personagens. Não só uma das melhores do ano, como também da década.

3) The Mandalorian (Disney+)

Quem diz que "The Mandalorian" resgatou a importância de "Star Wars" e faz mais pela saga do que alguns dos filmes lançados não está exagerando. A série, criada por Jon Favreau, conseguiu entregar um segundo ano melhor do que o primeiro e ainda abriu caminho para outras produções do mesmo universo. Sem ficar presa ao legado dos personagens clássicos, a produção busca retratar tipos e conflitos que caminham às margens da trama central, mas que explicam ou interferem diretamente nos acontecimentos que o público já conhece. Vale destacar como "The Mandalorian" adapta referências da própria saga original ou de outros gêneros, como o western e o cinema oriental, para construir um produto cativante, ousado e próximo dos fãs de "Star Wars" na mesma proporção.

2) The Crown (Netflix)

A série sobre a realeza britânica sempre se destacou pelo capricho de produção e qualidade do roteiro, mas chegou ao ápice na quarta temporada. Os episódios mais recentes são ambientados na década de 80, quando Margaret Tatcher (Gillian Anderson) chega ao posto de primeira-ministra do Reino Unido e constrói uma relação respeitosa e de alguns conflitos com a rainha Elizabeth (Olivia Colman). "The Crown" também introduz a figura da princesa Diana (Emma Corrin) na quarta temporada, trama que provocou a maior polêmica da série até agora. Muitos esquecem que a série não é um documentário, mas sim ficção e, por isso, utiliza recursos criativos para que a proposta seja melhor absorvida pelo público. Isso torna descabidas algumas críticas sobre a fidelidade dos fatos e dos diálogos dos personagens. Com ou sem polêmicas, "The Crown" segue como a joia da coroa da Netflix.

1) Better Call Saul (Netflix)

"Breaking Bad" é a melhor série de TV de todos os tempos e conseguiu gerar um produto derivado que tem tudo para alcançar a qualidade da original. "Better Call Saul", trama sobre o advogado Saul Goodman (Bob Odenkirk), fechou a quinta temporada valorizando a trajetória dos personagens e criando uma história tão sólida que brilha por méritos próprios, saindo da sombra de "Breaking Bad". Os criadores Vince Gilligan e Peter Gould conduzem os conflitos com paciência e constroem arcos narrativos coerentes para todos os personagens. Tive resistência em me apegar a "Better Call Saul" após "Breaking Bad" e fico feliz de ter superado isso. Se continuar assim, o sexto e último ano da série derivada pode ser tão marcante quanto o fim da produção original.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Mesmo com protagonista descaracterizada, "Gabriela" foi bom entretenimento

Final de "Revenge" decepciona e desvaloriza confronto entre protagonistas

The Blacklist apresenta novo gancho para trama central e introduz spin-off arriscado