"Aline" sai do ar para alegria dos falsos moralistas de plantão

Para minha surpresa, nesta quinta-feira (3) foi ao ar o último episódio da segunda temporada de "Aline", série que a Globo exibe desde o começo do ano. Uma ótima série, muito engraçada, baseada nas tiras de Adão Iturrusgarai.

De acordo com a coluna do jornalista Flávio Ricco, no Uol, a Globo alegou que a série não dava a audiência desejada em algumas praças. "Aline" teria oito episódios e terminaria no dia 24 de março, mas, ao invés disso, terminou exibindo apenas cinco deles. Porém, informou a Folha de S. Paulo desta sexta-feira, a razão real do fim da série seria que a direção da Globo teria ficado incomodada com uma cena onde os pais de Aline (Maria Flor), interpretados por Daniel Dantas e Mallu Galli, e seus respectivos namorados se encontram em um motel e propõem um suingue.

A cena em questão não tinha nada de mais, era mais em tom de comédia que o assunto era abordado. Se for verdade que o motivo real para o fim da série foi esse, alguns conceitos precisam ser revistos na televisão. Em primeiro lugar, como um canal que exibe um programa que fala abertamente sobre sexo às terças-feiras (Amor & Sexo) pode ficar incomodado com uma cena tão ingênua?

Em segundo lugar, mesmo que a cena tenha desagradado os "defensores da moral e dos bons costumes da família brasileira", acho que nos dias de hoje não pode haver mais espaço para esse tipo de falso moralismo. Até porque, sempre lemos notícias por aí de que autores, querendo levantar a audiência de suas novelas, decidem por vezes incluir em suas obras cenas mais quentes, que chamem a atenção do telespectador.

Pessoalmente, não acredito que os autores sérios e renomados do país coloquem essas cenas picantes nas novelas para chamar e levantar a audiência. Mas, partindo dessa ideia, quer dizer que levantar a audiência da novela das 21 horas, apelando para cenas de sexo, pode, mas um diálogo inocente numa série que passa depois das 23 horas não pode? Sou eu ou alguma coisa muito errada está acontecendo?