"House" e a arte de viciar o espectador

Agora é definitivo, sou um viciado! Mas, antes que alguém me mande os contatos de um grupo de ajuda ou coisa parecida, preciso dizer que meu vício é bom. O que me viciou não foi nenhuma droga e nem bebida alcoólica. Estou viciado em "House".
Por algum motivo, nunca tinha assistido à série até algumas semanas atrás, quando decidi buscar os primeiros episódios. O que eu encontrei? Um série viciante (eu sei que já usei essa palavra muitas vezes mas, ela é a que melhor descreve a série).
Gregory House (Hugh Laurie) é um médico especializado em diagnósticos, que odeia ter de lidar com os pacientes. Ele conta com um equipe competente formada pela Dr. Cameron (Jennifer Morrison), Dr. Chase (Jesse Spencer) e Dr. Foreman (Omar Epps), que o auxilia no trato dos pacientes. House, apesar de genial no trabalho, é um ser humano absolutamente mal humorado, antissocial e sarcástico. Extremamente cético, seus diagnósticos sempre partem do princípio de que "todo mundo mente" e que, sendo assim, o paciente sempre esconde algum detalhe ou sintoma importante para o diagnóstico da doença.
Os casos em que House está envolvido, aliás, são os mais mirabolantes. A cada episódio e, como se fosse um quebra-cabeças, House e sua equipe analisam o histórico médico e os sintomas de seus pacientes para chegar ao problema. O que encanta o médico não são os pacientes e suas lindas histórias de vida, mas sim o quão misteriosa é a doença que ele possui. House também não tem limites. Faz sempre o que acha que é certo, mesmo que isso signifique arriscar sua licença médica e colocar em cheque preceitos médicos éticos e morais. Suas decisões vão, muitas vezes, de encontro com as da Dr. Cuddy (Lisa Edelstein), a diretora do hospital. O único que fica, incondicionalmente, ao lado de House é o Dr. Wilson (Robert Sean Leonard).
Gregory House é um anti-herói. Mas, se ele não é um "mocinho", é possível sentir empatia pelo personagem? É claro que sim. Por trás de sua arrogância, antipatia e sarcasmo, pode-se perceber um ser humano que é capaz de nutrir afeto por uma outra pessoa. Tudo bem que, ao demonstrar esse afeto, ele o fará de um maneira um tanto particular, mas fará mesmo assim. Acompanhando o desenrolar da série, o telespectador percebe que House é uma pessoa que já sofreu muito e que, para que isso não aconteça novamente, se protege atrás de um personalidade corrosiva. Seu vício em remédios, para controlar as dores que sente em decorrência de um problema na perna, talvez também possa ser justificado como um vício para ajudá-lo a se afastar de outras dores que não sejam físicas.
"House" é mais um série médica que entra para a minha lista de favoritas. Isso é curioso, já que eu sou uma pessoa que tem pânico de médico e de todo esse universo, como hospitais, agulhas, cateteres, etc. Agora, como explicar o fato de uma pessoa como eu, com essas características, gostar tanto dessa e de outras séries médicas, com pacientes sendo cortados por bisturis e médicos que introduzem diversas agulhas para examiná-los? Eu não sei explicar, mas, com certeza, Freud explica.
Devorei os dvd´s da primeira temporada e já estou em busca dos próximos episódios. Pena que demorei tanto para descobrir "House". Mas, agora é hora de correr atrás do prejuízo. E, a tendência é ficar cada vez mais viciado já que, a cada remédio que House toma para manter seu vício, ele também vicia o espectador com seus mirabolantes diagnósticos.

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