"Stranger Things" volta com segunda temporada grandiosa e divertida


Diversão. Essa é a palavra que define e justifica a existência de "Stranger Things", uma das séries mais populares do catálogo do serviço de streaming Netflix. Despretensiosa desde o início, a trama das crianças que entram em contato com criaturas de um universo misterioso parece ter como proposta fundamental o entretenimento do espectador. E, se a diversão era o objetivo, ele foi atingido com louvor na segunda temporada da produção, lançada na sexta-feira (27).
Após o primeiro contato com o Mundo Invertido e a volta de Will (Noah Schnapp), os novos episódios da série focam na vida dos personagens um ano depois, quando a vida dos moradores de Hawkings começa a voltar ao normal. Pelo menos, era nisso que eles acreditavam. A tranquilidade começa a sumir quando Will passa a sentir e ter visões com o Mundo Invertido, além de mostrar uma conexão com uma criatura misteriosa.
Despertando a preocupação da mãe, Joyce (Winona Ryder), Will é levado para acompanhamento no laboratório da cidade, origem de todos os acontecimentos incomuns na região. Só que os episódios de contato com o Mundo Invertido e a criatura passam a ficar mais constantes, relevando, assim, a ameaça da segunda temporada. 
Paralelo a isso, Mike (Finn Wolfhard), Lucas (Caleb McLaughlin) e Dustin (Gaten Matarazzo) também entrar em contato com uma criatura, semelhante ao Demagorgon da primeira temporada, que contribui com pistas sobre os novos mistérios que rondam Hawkings. Com a ajuda de Max (Sadie Sink), a garota nova da escola, o grupo procura entender qual o objetivo da nova ameaça, que parece estar se encaminhando para a cidade e matando tudo ao redor.
Os novos episódios também procuram focar na jornada de Eleven (Millie Bobby Brown) em busca de autoconhecimento. Escondida pelo delegado Jim Hooper (David Harbour), a jovem passa os dias presa em uma cabana. Construindo uma relação de afeto e conflito com o delegado, Eleven parte em busca de respostas sobre sua origem, que podem ajudá-la a entender mais sobre a vida e os amigos que ganhou.
Na segunda temporada, "Stranger Things" resgata as características que a tornaram um sucesso, mas, também, evolui em alguns aspectos. O primeiro deles é o roteiro, que, mesmo mantendo as referências clássicas dos anos 80, se "liberta" delas e conduz a trama com mais autonomia. O enredo surge mais grandioso e bem amarrado, o que conduz os acontecimentos para um desfecho satisfatório.
Além do mistério em relação à nova ameaça, o roteiro também acerta na construção de histórias paralelas importantes, como a relação paternal entre Hooper e Eleven e os conflitos envolvendo o triângulo Lucas, Max e Dustin. A adição de novos personagens, aliás, mesmo que para fins óbvios, trouxe um novo vigor para a série. A trajetória pessoal de Eleven, de uma modo geral, também se mostrou um ponto importante para a trama.
Diante dessas qualidades, cabe uma crítica, que, é bem verdade, pouco influencia no resultado final: algumas soluções do roteiro, apesar de inegavelmente eficientes, se mostram muito óbvias como a tentativa de Eleven em arrastar um vagão de trem, quando conhece a "irmã" de laboratório, habilidade que seria testada mais adiante; ou o laço afetivo entre Dustin e Dart, o "mini" Demagorgon encontrado na lata do lixo.
O elenco continua sendo um grande acerto da série, com destaques para Winona Ryder, David Harbour, Caleb McLaughlin, Gaten Matarazzo e Sadie Sink. Coadjuvantes inseridos na segunda temporada, como Bob (Sean Astin), o namorado e Joyce; e Erica (Priah Ferguson), a irmã de Lucas, rendem bons momentos aos episódios.
Mantendo-se, de certa forma, despretensiosa, a segunda temporada de "Stranger Things" acrescenta uma trama mais elaborada e resulta em um ótimo entretenimento, que mistura elementos de terror e aventura, embalados por uma trilha sonora impecável. Para o terceiro ano, só é possível desejar que continue assim: divertida.

STRANGER THINGS (segunda temporada)

ONDE: Netflix (todos os episódios disponíveis)

COTAÇÃO: ★★★★ (ótima)

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