Robôs podem ter sentimentos?

Você já parou para pensar como seria se robôs pudessem fazer tudo o que um ser humano faz? Peraí, mas eles já não podem? Vemos, vez ou outra, notícias de robôs que se assemelham a uma pessoa e que falam, andam, gesticulam e até fazem contas. Porém, tem uma coisa que ainda não fazem, pelo menos não que eu saiba: os robôs não sentem amor, raiva, ternura, paixão. O homem ainda não foi capaz de "copiar" os sentimentos e inseri-los em um androide. Mas, na ficção, isso foi possível.
Em "Morde & Assopra", novela das 19 horas da TV Globo, Walcyr Carrasco propõe ao telespectador a história de Ícaro (Mateus Solano), um cientista que perdeu a mulher em um acidente de barco e que, para ter a presença física da esposa de volta, decide construir uma androide que fosse idêntica a ela. Depois de ir ao Japão buscar a tecnologia necessária, ele dá vida a Naomi (Flávia Alessandra), cópia fiel de sua então falecida esposa.
Para que a androide "pensasse" como a verdadeira Naomi, Ícaro inseriu nela memórias, músicas, vídeos e tudo mais que pudesse. Para seu espanto, a robô conseguia "raciocinar" como uma humana, já que seu cérebro eletrônico permitia que fizesse conexões semelhantes aos pensamentos dos homens. No entanto, algo deu errado e Naomi não correspondeu ao amor de Ícaro como a verdadeira. As lembranças de que eles haviam sido um casal estavam em sua memória, mas ela não sentia amor por seu criador. O cientista se surpreendeu, mais uma vez, quando descobriu que sua androide estava apaixonada por Leandro (Caio Blat), o jardineiro de sua casa.
Mas, como assim, a robô estava apaixonada? Ela é uma máquina, cheia de fios e ligações, como pode amar alguém? Será que os sentimentos podem ser criados em laboratório tais quais os sentimos? Será que isso é o futuro dos androides ou algum "professor Pardal" por aí já conseguiu fazer isso?
Mesmo que não tenha tido a intenção, Walcyr Carrasco provoca esses questionamentos com a trama de sua novela. Mesclando realidade e ficção, brincando também com o lado lúdico da história, o autor criou cenas que podem ser consideradas absurdas para os dias de hoje. Mas, será que vão ser absurdas por muito tempo? Numa delas, a androide Naomi, depois de ser proibida por Ícaro de ver Leandro, pede para ser desligada. Ao se despedir do homem que ama, a robô consegue chorar de tristeza.
Como pode uma robô chorar? Ela nem possui glândulas lacrimais. Na trama de Walcyr Carrasco, uma androide pode chorar. Quem sabe, não demora muito, e isso acontece também na vida real. Agora, se você é daqueles que não acredita nessa possibilidade, então, se deixe levar pela imaginação. Imagine que isso é possível e aproveite o lado lúdico de "Morde & Assopra" como se fosse uma história que começa com "era uma vez".
Durante alguns capítulos, a robô permaneceu desligada porque tinha sido atingida por um raio, o que provocou alguns defeitos em seu sistema. No fim da semana passada, depois de aparecer na casa de Ícaro dizendo ter sobrevivido ao acidente de barco, a Naomi de carne e osso teve um encontro com sua versão androide. A disputa entre a máquina e o ser humano vai começar. Qual dos lados leva vantagem? Os parafusos ou o coração? Se os humanos podiam bater no peito e se vangloriar de terem sentimentos, em "Morde & Assopra", isso não é vantagem nenhuma. Aqui, os robôs também amam.

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