"A Mulher Invisível" não é mais a mesma
O cinema e a televisão, às vezes, flertam um com o outro. Alguns desses namoros dão frutos muito interessantes. Foi assim com "O Auto da Compadecida", uma série que foi reeditada e transformada em filme, e com "Divã", um longa-metragem que ganhou extensão na TV e acrescentou novas risadas à vida da protagonista Mercedes. Porém, alguns desses flertes nem sempre dão certo. Foi o que aconteceu com "A Mulher Invisível", série exibida na Globo que teve, nesta terça (5), seu final de temporada.
Resgatando a ideia usada no filme de Cláudio Torres, mesmo diretor da série, a trama gira em torno da relação que Pedro (Selton Mello) sustenta com Amanda (Luana Piovani), uma mulher que só ele pode ver. Agora casado com Clarice (Débora Falabella), Pedro cria e alimenta Amanda como a ilusão de uma mulher ideal, daquelas que qualquer homem gostaria de ter.
Querendo fazer graça com a situação do protagonista, "A Mulher Invisível" da TV nem chega aos pés da vista no cinema. A relação de Pedro e Amanda é muito mais engraçada no longa. Na televisão, o fato do protagonista idealizar e enxergar uma mulher invisível fica parecendo ridículo, talvez porque a série não consiga fazer tanta comédia com isso. De repente, se a história fosse mais centrada no relacionamento real de Pedro com Clarice e nos percalços que os dois passam para sustentá-la, ficaria mais interessante. Mas, aí, já não seria "A Mulher Invisível" do cinema.
Confesso que o último episódio redimiu um pouco os outros quatro exibidos. Clarice exigiu uma prova de que Amanda existia e passou a enxergá-la. Aí, entendeu o porquê Pedro precisa das duas para viver aquela relação. O episódio foi bom porque não tentou forçar nenhuma piada ou graça com a situação, tornando o caso com Amanda mais plausível. Selton Mello e Débora Falabella, como sempre, estavam ótimos. Luana Piovani faz o que pode e até cumpre bem o papel da mulher imaginária, mas não chega aos pés dos colegas de elenco.
A ideia do homem, que precisa e idealiza uma mulher, é boa, mas não funcionou na TV. Bom, pelo menos para mim, porque o sucesso fez com que a série ganhasse uma segunda temporada em outubro. Amanda trazia muito mais diversão para a vida de Pedro na telona. Depois de estrear na TV, pude ver que "A Mulher Invisível" ideal estava no cinema.
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