"Insensato Coração" termina coerente e sem surpresas

Fim do mistério. O último capítulo de "Insensato Coração", que foi ao ar nesta sexta-feira (19), teve a dose de suspense a que muitos autores recorrem para prender o espectador em frente à TV.
Wanda (Natália do Valle) foi a responsável pela morte de Norma (Glória Pires). Querendo livrar o filho Léo (Gabriel Braga Nunes) da prisão, Wanda atirou na técnica em enfermagem que ameaçava o bem estar de seu "filhinho". O amor de Wanda por Léo mostrou-se doente desde o começo, mas chegou ao nível mais alto de loucura.
"Insensato Coração" também teve em seu final as boas e velhas punições para os vilões: Eunice (Deborah Evelyn) terminou servindo cafezinho no ateliê em que a filha trabalhava e provou que "pau que nasce torto, morre torto". Cortez (Herson Capri) foi preso, mas aquele não parecia ser um castigo tão ruim para ele, dada a fragilidade do sistema penitenciário que propõe regalias e vantagens para aqueles que têm dinheiro. Léo pagou por seus crimes sendo atirado do telhado do presídio,  em uma cena bem elaborada. A única personagem que não foi castigada foi Natalie (Deborah Secco), que pintou e bordou com tramoias e maldades, mas acabou deputada federal, mostrando e cutucando a realidade do eleitorado brasileiro. Quando convidada a se candidatar, perguntam para Natalie o que faz um deputado federal. "Eu não sei, mas vote em mim que eu te conto.", disse ela fazendo clara alusão ao deputado Tiririca. No entanto, mesmo que o final tenha sido bom, senti falta de um castigo maior para a ex-participante de reality show. Ficou parecendo que perdoamos as maldades de alguém se essa pessoa for carismática e cativante.
Os bonzinhos puderam viver felizes para sempre: Pedro (Eriberto Leão) e Marina (Paolla Oliveira) terminaram pais; Raul (Antônio Fagundes) e Carol (Camila Pitanga) casaram; e Bibi (Maria Clara Gueiros) e Douglas (Ricardo Tozzi) terminaram apaixonados e trocando farpas.
"Insensato Coração" teve um texto maduro e ganhou uma cara de série, com participações especiais e tramas que tinha data marcada para acabar. Isso ajudou a dar agilidade e ação para a história. O elenco, em geral, era todo muito bom. Ana Lúcia Torre, Deborah Evelyn, Glória Pires, Tarcísio Meira, Cristina Galvão e Gabriel Braga Nunes merecem destaque por seus trabalhos. Mas, fica até difícil escolher, porque quase todos estavam muito bem mesmo. As críticas ao casal protagonista, de que eram chatos e não tinham química, são absurdas para mim. Paolla Oliveira e Eriberto Leão souberam conduzir seus protagonistas dando uma roupagem moderna a eles. Mas, é complicado agradar nos papéis principais. Se o mocinho é inocente, isso faz dele tonto demais e, se é independente e moderno, isso faz com que ele se torne apático. O que se há de fazer?
Gilberto Braga e Ricardo Linhares souberam conduzir bem "Insensato Coração" exaltando as relações familiares e resgatando elementos de um novelão clássico. O último capítulo não teve nenhuma surpresa e nem provocou aquele sentimento de "nossa, que novelão", mas foi coerente com o resto do folhetim. Teve uma produção bem feita, com ótimas interpretações e trama empolgante. Mostrou também que, se um bom clichê é aproveitado de maneira correta, não faz nenhuma diferença que a ideia não seja original e já esteja batida. Não importa o clichê, importa a maneira como ele é contado. "Insensato Coração" cumpriu bem o seu papel.

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