"Pânico na TV" explora vida particular de seus integrantes e esquece de fazer rir

Se é programa de humor, tem que fazer rir. Essa é uma máxima que não se aplica ao "Pânico na TV", exibido aos domingos pela RedeTV. O programa, há algum tempo, vem apostando em quadros que focam a vida particular de seus integrantes e, com isso, acabou se transformando numa péssima alternativa para quem procura diversão no domingo à noite.
Essa onda de explorar a realidade e capitalizar em cima dela começou com a participação de Marcos da Silva Heredia, conhecido como Zina e que transformou em bordão a frase "Ronaldo, brilha muito no Corinthians". Zina ganhou ares de integrante da trupe e participou de diversos quadros com Sabrina Sato e Alfinete. O "Pânico na TV" também entregou, ao vivo, uma casa de presente para Zina. Aí, o caldo entornou: Zina teve problemas com drogas e porte ilegal de arma e foi preso. O programa decidiu, então, contar a vida sofrida de Zina e explorar o drama pessoal do rapaz. Resultado: o programa elevou seus índices de audiência. Mas, a que preço? Para mim, o "Pânico" usou o mesmo artifício de programas sensacionalistas que exploram a vida das pessoas que, falando bem da verdade, se deixam explorar por eles e, portanto, são tão culpadas por esse sensacionalismo quanto quem o propôs.
Mais recentemente, seguindo essa linha de misturar "humor" e realidade, o programa contou com a presença das namoradas de dois de seus integrantes num quadro chamada "Fama ou Fogão", onde elas precisavam escolher se abraçariam a vida de celebridades ou continuariam no anonimato. Também quiseram explorar a vida de Sabrina Sato ao fazê-la reencontrar Dhomini, seu antigo namorado da época de "Big Brother Brasil". O diretor do programa Alan Rapp, o Bolinha, e a panicat Dani Bolina também tiveram seus momentos no "Pânico" e, agora, o programa tenta fazer render o fato de Bolina ter saído do programa para participar de "A Fazenda", na TV Record. Todas esses exemplos apontam para esse novo conceito que o "Pânico" adotou: tentar fazer rir explorando a vida de seus integrantes.
Focalizar os corpos das suas panicats também é uma especialidade do programa. Sempre surge algum quadro que é pensado única e exclusivamente para valorizar a bunda das dançarinas. O último, no ar atualmente, é uma competição para descobrir quem consegue escorregar no sabão, jogar um ganso de brinquedo em uma cesta e, depois, ainda cair em uma piscina de plástico. Os closes que os câmeras mostram são, em sua maioria, das bundas e dos peitos das dançarinas e modelos convidadas para participar. Recurso machista e que não dá mais para ser usado para chamar audiência.
Por fim, mas não menos importante, eu gostaria que alguém me explicasse o que tem de divertido em ver uma pessoa se machucando para fazer bizarrices na TV. Bola e o diretor Bolinha, vez ou outra, sempre participam de quadros em que são expostos a hematomas, choques, arranhões e até fraturas. Em um deles, para mim o cúmulo da idiotice, Bola fez a barba usando como lâmina a hélice de um ventilador ligado. Pra quê? Pra que se mutilar para ganhar uns míseros pontos de audiência? Eu nunca vi graça nesse tipo de "humor", que deveria se chamar "mutilação gratuita". Então, se alguém se diverte com isso, peço que me explique o que há de engraçado.
O "Pânico na TV" precisa rever seus conceitos sobre humor e se é isso que eles desejam apresentar para o público. Se eles querem fazer rir, o caminho é outro e completamente diferente. Até os personagens como "Amaury Dumbo", "Freddy Mercury Prateado", "Sílvio Santos" e "Marília Gabi Herpes" parecem ter perdido a graça. Sem falar no quadro "O Impostor", que passou dos limites ao invadir e fazer graça com o funeral de Amy Whinehouse.
Se, no início, o programa se apresentou como uma boa alternativa para os domingos à noite, hoje ele se afastou completamente de suas origens. Ao explorar violência gratuita, apelação e até a vida de seus integrantes, o "Pânico na TV" esqueceu de um pequeno detalhe, que faz toda a diferença em um programa humorístico: fazer rir.

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