Elenco e roteiro sustentam "Two and a Half Men"

Nunca duvide do que um elenco bem entrosado e um roteiro bem escrito podem fazer para uma série. Esse foi o ensinamento que tirei do primeiro episódio de "Two and a Half Men", que estreou sua nona temporada nesta segunda-feira (19), nos Estados Unidos. Se você não gosta de saber o que vai acontecer antes de assistir, não leia. Mas, como eu sei que quase ninguém para de ler, vamos continuar.
O episódio começa com o hilariante funeral de Charlie (Charlie Sheen), que traz a participação de várias antigas namoradas do personagem, além de seus familiares. Alan (Jon Cryer) é o encarregado de discursar no velório e, mesmo tentando lembrar o lado bom de seu irmão morto, sempre é interrompido por alguma lembrança desagradável que marcou a vida das pessoas que conheceram Charlie. Evelyn (Holland Taylor) decide vender a casa do filho falecido e é aí que aparece Walden (Ashton Kutcher), um bilionário amargurado pelo fim de um relacionamento. Tudo bem, vou parar por aqui com a descrição do episódio porque sei que, para quem quer assistir, a curiosidade deve prevalecer.
Fazendo ainda uma análise precoce, já que se trata apenas do primeiro episódio, o importante a dizer sobre esse novo "Two and a Half Men" é que ele continua bem engraçado. O elenco, mais até do que Kutcher, segurou o episódio nas costas. Isso não é nenhum espanto, já que os atores convivem a mais tempo e têm o entrosamento necessário para uma boa comédia. Berta (Conchata Ferrell) continua sínica e grosseira como sempre; Jake (Angus T. Jones) pouco inteligente e porco como sempre; e Judith (Marin Hinkle) antipática como sempre e essa é a graça do episódio. Os primeiros quinze minutos são os melhores justamente porque se sustentam pela graça e carisma dos personagens já conhecidos do público. Kutcher ainda está cru e não convence muito como o bilionário depressivo, mas arranca algumas risadas, o que é mais do que eu esperava do ator.
A figura de Sheen, no entanto, faz muita falta à série. Em meio a tantos personagens conhecidos, falta aquela referência que o telespectador tinha do personagem beberrão e mulherengo que caracterizou "Two and a Half Men". Ao mesmo tempo em que o elenco sustenta o episódio, nas cenas em que estão todos juntos sempre parece que falta alguma coisa. E falta.
Os roteiristas mostram, no primeiro episódio, que são incrivelmente bons e conseguem manter o nível alto das piadas. O roteiro não perde tempo em arrasar com o antigo personagem de Sheen. As piadas, tanto na cena do velório quanto depois, nitidamente querem acabar com a imagem de Charlie e é impossível não pensar que isso faz parte da vingança do produtor da série, Chuck Lorre.
Eu juro que nunca pensei em dizer isso, mas "Two and a Half Men" divertiu muito neste primeiro episódio. Se o roteiro continuar bom e o elenco for bem aproveitado sempre, essa nova série pode render boas gargalhadas. Se Kutcher melhorar no papel, tudo bem é lucro, mas, se continuar assim, sua presença pode ser facilmente descartada. O elenco e o bom roteiro seguram a série por ele. Mas, ainda sim, Charlie Harper faz falta.

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