"Constantine" é regular e ainda precisa impressionar

Como já disse neste espaço outras vezes, as adaptações de livros, filmes e, mais recentemente, quadrinhos, tornaram-se habituais nas grades das emissoras de televisão norte-americanas. Para engrossar a lista, nesta temporada, a NBC decidiu apostar em "Constantine", série baseada em HQ´s da DC Comics que estreou na última sexta-feira (24) por lá.
O primeiro episódio começa com a apresentação do protagonista John Constantine (Matt Ryan), um ocultista que está internado em uma clínica psiquiátrica para tentar se convencer da não existência de demônios, espíritos e outras forças ocultas com as quais precisa lidar em sua rotina. Depois de receber um recado macabro, ele desiste da ideia e vai atrás de Liv (Lucy Griffiths), a filha de um antigo amigo que demonstra ter poderes de vidência e começa a ser perseguida pelo demônio Furcifer.
Deixando a Inglaterra, sua terra natal, Constantine parte para a América para se dedicar à proteção de Liv. Ao chegar, depara-se com diversas situações causadas pela perseguição do demônio. As tentativas de protegê-la são sempre apoiadas por Chas (Charles Halford), que possui o dom de sobreviver aos mais violentos ataques. O protagonista ainda recebe as visitas constantes de Manny (Harold Perrineau), uma espécie de anjo que tenta convencê-lo a ajudar na tarefa de proteger outras pessoas que, assim como Liv, são perseguidas por espíritos.
Antes de tudo, é bom que se diga, não posso fazer a comparação com os quadrinhos nos quais a série foi baseada e, nem mesmo, dizer se os produtores exploraram bem ou mal a história original. As palavras aqui são de um mero espectador que gostou apenas um pouco do que viu. "Constantine" deixa a impressão de ter bons argumentos e ganchos para ser transposta para a televisão mas, no primeiro episódio, a série não acontece em nenhum momento.
O roteiro e a trama da estreia seguiram uma linha muito tradicional de se contar uma história, tornando- a previsível em muitos momentos. O formato escolhido para o seriado também não traz nenhuma novidade e segue uma cartilha, muito utilizada em séries policiais por sinal, que limita os episódios a casos específicos que são resolvidos no mesmo dia. 
A construção do protagonista foi outro ponto fraco do piloto de "Constantine". A adaptação televisiva parece não se decidir sobre a personalidade do ocultista. Em alguns momentos, Constantine parece querer ser sarcástico, egoísta e indiferente, mas se contradiz com atitudes que o fazem parecer quase que um abnegado, que se arrisca para proteger uma pessoa e luta por fazer justiça para outra. Liv, a protagonista feminina, também não se destaca, mas isso parece estar sendo corrigido pelos produtores, já que a atriz que a interpreta foi demitida antes mesmo da estreia e, agora, o foco da série será em aposta em uma nova companheira para Constantine, também baseada nos quadrinhos.
Ao final do primeiro episódio, "Constantine" deixa uma sensação de que, se não é ruim, também não prende a curiosidade para o resto da temporada. Apesar de ter uma produção muito bem executada, a série não consegue sair do "lugar comum" e impressionar logo de cara, mas também não posso descartar a hipótese de prender o espectador ao longo da temporada. O problema é que, no mundo das séries, quanto mais tarde a série empolga, maiores são as chances de ter uma existência curta nas concorridas grades dos canais abertos americanos.

Em tempo: "Constantine" chega ao Brasil no dia 7 de novembro, no canal Space.

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