Roteiro pode ser o principal inimigo de "Agent Carter"

A Marvel parece mesmo querer conquistar o seu lugar na televisão, depois de uma bem sucedida empreitada cinematográfica. Mas, para isso, é necessário que o cuidado com o texto seja o mesmo do que no cinema. Depois da pouco interessante "Agents of S.H.I.E.L.D.", a Marvel aposta, agora, nas histórias de "Agent Carter", que estreou na última terça-feira (6), nos Estados Unidos. 
Nos dois primeiros episódios, que foram exibidos em sequência, a história começa a partir dos acontecimentos apresentados no primeiro filme da franquia "Capitão América", quando o herói americano é dado como morto. Depois do fim da guerra, a agente Peggy Carter (Hayley Atwell) está trabalhando na Reserva Científica Estratégica, mas é subestimada por seus superiores pelo fato de ser uma mulher. 
Na Nova York de 1946, a Reserva Científica passa a atuar na caçada ao empresário Howard Stark (Dominic Cooper), que é acusado de vender armas de destruição em massa para o mercado negro. Enquanto todos acreditam na culpa de Stark, a agente Carter duvida que o empresário tenha cometido a traição. Investigando por conta própria, já que seus colegas não valorizam seu trabalho, ela é abordada por Stark, que pede ajuda para ser inocentado e para que a agente descubra o verdadeiro culpado pelo roubo de suas invenções.
Atrás do rastro de uma das armas projetadas por Stark, uma fórmula que pode destruir e afetar um grande número de pessoas, a agente Carter e Edwin Jarvis (James D´Arcy), o mordomo de Stark, seguem uma investigação paralela, que parece ter um significado ainda não revelado para o empresário foragido.
Na estreia, "Agent Carter" mostrou ter uma produção acertada e fiel aos desafios de retratar a época, o que ajuda o espectador a contextualizar melhor a trama. O elenco também foi um ponto correto dos primeiros episódios e, mesmo que não seja composto por grandes atores, também não é prejudicado por exageros.
Apesar disso, "Agent Carter" revelou pontos muito frágeis, que podem prejudicar o andamento da série e seu futuro na televisão. A primeira fraqueza é o roteiro, muito simples, especialmente se comparado aos trabalhos que a Marvel realiza no cinema. Todo o cuidado que a empresa parece ter com seus personagens e tramas na telona, aqui não se repetem. Os conflitos e situações que envolvem a protagonistas e os bandidos da série são explorados de forma rasa. Não são raros, também, os desfechos clichês, que desvalorizam, ainda mais, a trama e tornam, especialmente, as perseguições e sequências de ação pouco interessantes. 
Sem mostrar cuidado semelhante com as histórias apresentadas no cinema, a Marvel parece transformado o roteiro no principal inimigo de "Agent Carter" na televisão. Com potencial, a trama precisa se livrar dos clichês, além de melhorar a narrativa e a elaboração dos casos que serão investigados pela protagonista. Do contrário, Peggy Carter poderá ser derrotada por um vilão que ela sequer pode combater e, pior, que deveria estar ao lado dela.

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