Aristocratas e empregados movimentam trama de "Downton Abbey"

Que impacto uma família da aristocracia inglesa pode sofrer ao descobrir que o próximo parente na linha sucessória, que herdará um título de conde e uma fortuna, é um advogado de classe média que não se interessa pelos hábitos dos nobres? Esse é o fio condutor de "Downton Abbey", série que finalmente chegou ao Brasil, no último dia 19.
O naufrágio do Titanic, em 1912, determina o destino da família Crawley no primeiro episódio da série. Robert Crawley, o conde de Grantham (Hugh Bonneville), está certo de que irá casar sua filha Lady Mary (Michelle Dockery) com Patrick, um primo da família. Como não teve filhos e, na época, as mulheres não tinham direito à herança, o conde arranjou o casamento para que o título, a fortuna e a propriedade Downton ficassem entre os mesmos. Porém, Patrick não sobreviveu ao naufrágio do "navio que não afundava".
Os aristocratas, então, se desesperam ao pensar que podiam perder tudo para um parente desconhecido. O medo se justificava, porque o pai do conde de Grantham criou uma lei que atrelava todos os bens e títulos da família aos herdeiros na linha sucessória. Quando se casou com Cora (Elizabeth McGovern) e tornou-a condessa de Grantham, o conde também foi obrigado a incluir a fortuna da esposa entre os bens do herdeiro. Por isso, a perda desses direitos seria a ruína da família Crawley.
Quando descobrem que o próximo herdeiro direto é Matthew Crawley (Dan Stevens), um advogado de classe média, a família busca saídas para que a fortuna não vá parar nas mãos dele. O herdeiro e a mãe, Isobel Crawley (Penelope Wilton), são convidados para ir até Downton, mas eles não conseguem se acostumar aos hábitos da aristocracia.
"Downton Abbey", no entanto, não foca apenas nos dramas da aristocracia. A série também mostra o dia a dia dos empregados da família que, no início, são surpreendidos pela contratação de John Bates (Brendan Coyle), um ex-companheiro de guerra do conde, para o cargo de valete. A chegada de Bates provoca a inveja de alguns e o preconceito de outros, que não entendem como um homem que possui um problema na perna pode servir uma família tão importante.
"Downton Abbey" tem uma trama simples, mas extremamente envolvente. O roteiro é de altíssima qualidade e é todo sustentado por bons diálogos, sem que haja apelações para conquistar a audiência. As histórias são bem amarradas e sempre trazem algo a mais nas entrelinhas.
O diferencial da série, no entanto, é ir além das relações entre os aristocratas e seus empregados, mostrando as invejas e disputas por ascensão entre os serviçais. O ponto alto de "Downton Abbey" também é o confronto das diferenças entre os nobres e a classe média no início do século XX e como elas precisam ser transpostas em nome da herança que move a história. A produção e a recriação da época são impecáveis.
Assim como o roteiro, o elenco é de primeira. Além das atuações marcantes de Hugh Bonneville, Elizabeth McGovern, Michelle Dockery e Brendan Coyle, o destaque é Maggie Smith, interpretando a condessa-viúva, a mãe do conde de Grantham, que não aceita que a fortuna da família vá para as mãos da classe média.
Todos esses motivos, e provavelmente muitos outros não elencados aqui, fazem de "Downton Abbey" uma das melhores séries da TV atualmente.

DOWNTON ABBEY (primeira temporada)

QUANDO: todos os sábados

ONDE: Globosat HD

HORÁRIO: 22 horas

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