"Guerra dos Sexos" soou antiga e exagerada

Remakes ou adaptações de novelas que fizeram sucesso no passado são complicados. Sempre há cobranças e comparações em torno da nova versão. Também é fundamental que a trama passe por uma atualização, para não ficar datada. Sucessos recentes, como "Ti Ti Ti" e "O Astro", foram modernizadas e conquistaram o gosto do público de hoje. Tentando seguir o mesmo caminho, Sílvio de Abreu decidiu refazer "Guerra dos Sexos", novela originalmente exibida em 1983. O último capítulo da nova versão foi exibido na sexta-feira (26) e, nesse caso, a refilmagem não empolgou.
No final de "Guerra dos Sexos", depois de passarem a novela inteira disputando a herança deixada pelos tios, Charlô (Irene Ravache) e Otávio (Tony Ramos) finalmente confessam o amor que sentem um pelo outro. Quando tudo parece acertado, surgem Dominguinho e Altamiranda (também interpretados por Irene e Tony), primos portugueses que reivindicam parte da fortuna. Com isso, uma nova "guerra" começa.
Depois de um relacionamento conturbado com Nando (Reynaldo Gianecchini), a empresária Roberta Leone (Glória Pires) decide aceitar o pedido de casamento de Felipe (Edson Celulare). Já Nando, após muitas brigas, entende-se com Juliana (Mariana Ximenes). E, em como todo final de novela, os desfechos felizes continuaram: Ulisses (Eriberto Leão) tornou-se um campeão de MMA e acertou-se com Vânia (Luana Piovani); Analu (Raquel Bertani), tentando sequestrar Nando e levá-lo para uma ilha, acaba ao lado de Zenon (Thiago Rodrigues); e Fábio (Paulo Rocha) começou a esquecer Juliana quando conhece a atriz Mariana Ximenes, que era idêntica a ela.
O desfecho de "Guerra dos Sexos" também apresentou o destino das vilãs da trama. Carolina (Bianca Bin), depois de um tempo na cadeia, é obrigada a trabalhar como ambulante na feira. Veruska (Mayana Moura) escapa da prisão e vai parar na Itália, casada com um milionário.
Apesar de originada a partir de um dos maiores sucessos da televisão, a nova versão de "Guerra dos Sexos" não teve o mesmo êxito. A novela pecou pelos exageros, presente na interpretação dos atores e nas situações que costuravam a trama. O problema maior, porém, foi com o enredo em si. "Guerra dos Sexos" não teve uma evolução no ar, já que a história era simples e, portanto, sem grandes variações nas trajetórias dos personagens. Em outras palavras: faltava assunto para a trama, que começou de um jeito e terminou no mesmo ponto.
Mesmo dizendo que a nova versão estava atualizada, o autor parece não ter conseguido transpor a temática da novela para os dias de hoje. Que a tal guerra dos sexos ainda existe, isso é inquestionável, mas o mundo também mudou. As mulheres, mesmo que ainda haja muito espaço para conquistarem, já conseguiram mais terreno no mercado de trabalho e na sociedade como um todo. A verdade é que, no mundo de hoje, homens e mulheres vivem em maior igualdade do que há 30 anos, quando foi exibida a primeira versão. Por isso, a divisão e disputa entre os sexos pelo comando das lojas "Charlô´s" soou antiga e pouco conflituosa.
O tom de comédia impresso a "Guerra dos Sexos" também não favoreceu a trama. Seguindo uma linha de humor mais ingênuo e bobo, a história não provocou risos e fez com que os atores parecessem exagerados em diversas sequências. Tony Ramos foi o mais prejudicado, já que seus conflitos e ataques de machismo sempre pareciam "um tom acima da nota". O ator, porém, destacou-se nos momentos finais, quando teve que revelar o segredo do bigode preto. Irene Ravache e Edson Celulare, em certos momentos, também pecaram pelo excesso. Entre os bons destaques, podemos citar Bianca Bin, Drica Morares, Glória Pires e Marianna Armellini (interpretando a fofoqueira Frô).
Ao final da guerra entre Charlô e Otávio, tudo o que sobrou para lembrarmos desta batalha é que ela foi recheada de exageros e parecia ser ambientada em outros tempos. Podemos concluir, com isso, que a "Guerra dos Sexos" não teve vencedores.

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