Os melhores e piores de 2013 - Novelas

A proximidade do fim do ano estimula muita gente a fazer um balanço da vida naquele período. Também é comum que os veículos de comunicação façam listas reunindo os melhores e piores do ano, nas mais diversas áreas. Mesmo que sejam batidas, essas listas são igualmente irresistíveis e não dava para evitar fazer uma retrospectiva sobre a televisão em 2013. E, nada melhor do que começar com as novelas.

AS MELHORES DE 2013

- Saramandaia

Um lobisomem, uma mulher que explode em praça pública, um vereador que esconde asas dentro de seu gibão, um coronel que expeli formigas pelo nariz, um homem que criou raízes no chão e uma senhora que guarda a cabeça do marido em um vidro. A cidade de Bole-Bole pegou fogo em 2013! E o motivo de tanta movimentação foi o plebiscito que um grupo de moradores criou para trocar o nome do município para Saramandaia. A ideia incomodou os poderosos da cidade, mas a disputa rendeu bons momentos ao telespectador, trazendo de volta o realismo fantástico consagrado na TV por autores como Dias Gomes, homenageado por este remake de Ricardo Linhares. Texto sagaz e inspirado, bons atores e uma bela estética fizeram deste um dos sucessos do ano.

- Pecado Mortal

Depois de um período negro, a Record acertou em cheio com "Pecado Mortal", novela de estreia do autor Carlos Lombardi na emissora. A mudança de canal do novelista, aliás, fez muito bem ao seu trabalho. A história, que se passa nos anos 70, período em que bicheiros e traficantes lutavam para dominar os morros cariocas, é ágil, bem construída e amparada por bons atores. Mesmo que tenha alguns pontos semelhantes com outras novelas de Lombardi, o folhetim pode ser destacado por sua originalidade e maturidade. Pena que não é um sucesso de audiência, mas é uma novela que vale a pena ser vista.

- Sangue Bom

Usando e abusando de referências ao mundo das celebridades e à sociedade do espetáculo, "Sangue Bom" apostou nos conflitos emocionais de seis protagonistas, sem privilegiar maniqueísmos. Na trama de Maria Adelaide Amaral e Vincent Villari, a mocinha era uma jovem traumatizada pela vida que levou, capaz de cometer atrocidades para se dar bem e que se redime no fim, entendendo o real valor da família e do amor. Todos os personagens, aliás, mostraram suas imperfeições e comportamentos contraditórios, fugindo do padrão apresentado nos folhetins, onde o bom é bom e o mau é mau. O elenco entrosado foi a cereja do bolo e deu um toque especial à novela.

- Flor do Caribe

Novela de Walther Negrão, "Flor do Caribe" foi aquele arroz com feijão básico, mas muito saboroso! Recorrendo a tramas clássicas, a novela teve um bom texto e uma direção competente, que apostaram em cenários paradisíacos para contar a história do triângulo central, movido por inveja, ressentimento e amor. Uma boa novidade do folhetim foi investir no conflito entre o nazista Dionísio e o judeu Samuel, interpretados com propriedade por Sérgio Mamberti e Juca de Oliveira. Apesar do erro de escalação dos atores (na trama, Dionísio deveria ser muito mais velho que Samuel, mas os intérpretes têm idades parecidas), o pano de fundo fazendo referência à Segunda Guerra Mundial rendeu bons momentos e deixou o público ligado na novela.

- Joia Rara

Seguindo o caminho deixado por "Cordel Encantado", as autoras Duca Rachid e Thelma Guedes voltaram ao horário das seis com a história de uma menina que prova ser a reencarnação de um líder budista. Pregando o amor e a igualdade, preceitos defendidos pelo líder espiritual, a garota tenta passar por cima dos conflitos familiares para tentar unir os pais e o avô, tudo isso sob o pano de fundo do Rio de Janeiro nos anos 40. Mesmo com um casal de protagonistas pouco carismático, a novela se sustenta, também, pelas tramas paralelas e os bons personagens, como os do núcleo do cabaré. Charmosa e bem feita, "Joia Rara" é outro exemplo de uma teledramaturgia de qualidade, mas que não é sucesso de público.

AS PIORES DE 2013


- Amor à Vida

A novela de estreia de Walcyr Carrasco no horário das nove começou com uma boa proposta: resgatar os dramalhões clássicos da telenovela e reinventar suas tramas constantemente, criando novos ganchos e histórias. Mas, o autor perdeu a mão e a novela desandou! "Amor à Vida" é, agora, um folhetim descaracterizado, que apela para soluções repetitivas e inverossímeis, além de deixar os personagens sem nenhuma personalidade. Algumas tramas secundárias da novela não caminham para lugar nenhum e muitos atores ficam sem função na história. O texto de "Amor à Vida" é rígido e engessa os atores, que parecem declamá-lo. Querendo ser dinâmica, a novela virou um "salva-se quem puder", repleta de exageros que cansam.

- Chiquititas

A nova versão para o sucesso dos anos 90 segue à risca a cartilha do SBT para produção de novelas: texto simples executado por atores engessados e sem carisma. Para ser justo, a produção da trama é bem feitinha, mas só isso não é capaz de salvar a história. "Chiquititas" foi mais uma oportunidade perdida da emissora em proporcionar um entretenimento de qualidade para as crianças. Errar é humano, mas insistir no erro é burrice. Quem paga por isso? O público.

- Dona Xepa

Enquanto algumas novelas apostam em tramas demais, outras apostam de menos. É o caso de "Dona Xepa", novela exibida antes de "Pecado Mortal". A história da feirante que faz der tudo para criar os filhos com dignidade não empolgou, mesmo com o bom trabalho de Ângela Leal no papel da protagonista. O enredo muito simples dava a impressão que a novela não tinha assunto e andava em círculos. O folhetim também era prejudicado pelas interpretações caricatas dos atores, que davam vida à personagens rasos e de poucas nuances. Que bom que surgiu "Pecado Mortal".

- Além do Horizonte

Na minha modesta opinião, a novela dos estreantes Marcos Bernstein e Carlos Gregório começou bem. A trama sobre a misteriosa comunidade que atrai pessoas que buscam a felicidade parecia promissora. Apostar em uma fórmula pouco comum é sempre um risco, mas isso deve ser encarado com coragem. Vestindo a carapuça de "novo fracasso da Globo", "Além do Horizonte" não deu tempo para que o público se acostumasse à história e começou a atropelar os desfechos e banalizar alguns mistérios da trama que, a princípio, interessavam. Agora, a novela parece não saber para onde vai. Isso foi somado ao erro em não apostar em boas tramas paralelas, que poderiam sustentar melhor o enredo principal. O caldo de "Além do Horizonte" entornou e vai ser difícil recuperá-lo.

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