"Bates Motel" vai além das influências de "Psicose" e trilha bom caminho próprio

Anunciada como um prelúdio de "Psicose", livro de Robert Bloch e clássico sucesso do cinema de Alfred Hitchcock, "Bates Motel" estreou na televisão, no ano passado, para explorar a infância de Norman Bates, o assassino obcecado pela mãe que incorpora a personalidade de sua progenitora para cometer crimes. Com o final da segunda temporada, cujo último episódio foi exibido esta semana, nos Estados Unidos, "Bates Motel" explora novos rumos e apresenta ao público uma trama rica e muito mais ampla do que a obra original.
Na segunda temporada, Norman (Freddie Highmore) precisa lidar com lembranças nebulosas, que afetam sua rotina. Vítima de constantes "apagões", que o deixam fora de si, ele é assombrado pela possibilidade de ter matado Blair Watson (Keegan Connor Tracy), sua professora. O crime introduz na história o pai de Blair, Nick Ford (Michael O´Neill), um homem rico e influente que luta para comandar o negócio mais lucrativo da região, a plantação e distribuição de maconha.
Ford trava uma disputa particular com Jodi (Kathleen Robertson) e Zane Morgan (Michael Eklund), integrantes da família rival, que também buscam controlar o mercado local de maconha. A proximidade com os Bates se dá por conta de Dylan (Max Thieriot), o irmão mais velho de Norman, que se afasta da família e vai trabalhar para os Morgan.
A distância entre Dylan e a família é ocasionada pela descoberta de um segredo perturbador: ele é filho de Norma (Vera Farmiga) com seu tio, que estuprava a irmã na juventude. A revelação perturba Norma, que precisa lidar, também com o assédio de Nick Ford, que deseja cobrar favores escusos da proprietária do Bates Motel.
Para completar os dramas familiares dos Bates, Norma precisa se virar para abafar os efeitos dos "apagões" de Norman, que comete crimes que deixam rastros para o xerife Romero (Nestor Carbonnell), dedicado a descobrir se o garoto foi responsável pela morte da professora.
Originada a partir de uma história já muito conhecida, "Bates Motel" tem como maior qualidade a capacidade de ir além das referências originais e criar tramas complexas e extremamente interessantes. A inventividade dos roteiristas surpreende e deixa o suspense mais instigante a cada episódio.
As interpretações são um capítulo a parte. Freddie Highmore impressiona pela qualidade de sua interpretação, alternando os momentos triviais com o instinto assassino do personagem, que demonstra a obsessão doentia pela mãe apenas com o olhar. Já Vera Farmiga também imprime muita complexidade em Norma, uma personagem dúbia que alterna os papéis de mãe zelosa e controladora, capaz de tudo para influenciar a vida e as escolhas do filho.
Distanciando-se das influências originais e trilhando um bom caminho próprio, "Bates Motel" tem tudo para melhorar ainda mais e, assim, explorar novos aspectos da infância desse conhecido assassino do cinema. Muitos outros "corpos" devem estar escondidos no armário de Norman Bates.

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