"The Good Doctor" volta com desafio de evoluir conflitos do protagonista no segundo ano

A primeira temporada de "The Good Doctor" deixou claro que o produtor David Shore estava interessado em construir mais um personagem diferente e marcante no universo das séries. Depois do médico Gregory House, tão antissocial quanto complexo, Shore usa o mesmo universo para explorar as características de outro tipo curioso: o médico Shaun Murphy (Freddie Highmore), que convive com um raciocínio fora do comum e as dificuldades de lidar com colegas e pacientes por conta do autismo.
Sucesso no primeiro ano, "The Good Doctor" focou os primeiros episódios em tramas que mostrassem o preconceito e as dificuldades de relacionamento entre o médicos e as pessoas que circulam ao redor dele. Na estreia da segunda temporada, a fórmula explorada para marcar a volta da série foi exatamente a mesma, mas já é perceptível que a história tem um desafio pela frente para continuar relevante.
No primeiro episódio da nova temporada, Murphy é designado para prestar um serviço de cuidados médicos a moradores de rua. Acompanhado por Jared Kalu (Chuku Modu), que está deixando o hospital, o protagonista identifica um sem-teto que dá sinais de precisar de um tratamento mais sofisticado, o que exige uma internação no hospital e um gasto de recursos que gera conflito com o novo administrador, Marcus Andrews (Hill Harper).
Além das atividades profissionais, Murphy também enfrenta os sentimentos e descobertas causados pelo tratamento do médico Aaron Glassman (Richard Schiff), homem que ajudou na criação dele e, agora, enfrenta um câncer. Na estreia, o protagonista segue aprendendo a lidar com os desafios impostos pelo autismo, especialmente no trato afetivo com os amigos.
Enquanto Murphy se mantém ocupado com o tratamento do paciente e do amigo, os demais médicos do hospital recebem avaliações sobre os desempenhos no hospital e, logo em seguida, passam a atuar em um caso que pode chamar a atenção da imprensa para a recém-iniciada administração de Andrews, que substitui Glassman no comando da unidade. Chefiados por Neil Melendez (Nicholas Gonzalez), os profissionais encaram a tensão da tarefa e as consequências do feedback dado pelo novo administrador.
Na primeira temporada, "The Good Doctor" apresentou os principais aspectos da trajetória de Murphy, tendo que lidar com os desafios causados pelo preconceito das pessoas com a condição dele e da dificuldade de relacionamento provocada pelo autismo. Os primeiros episódios também mostraram as descobertas do protagonista ao aprender a se conectar emocionalmente com os novos colegas, vizinhos e, principalmente, com os pacientes. A estreia do segundo ano, no entanto, mostrou que a trama precisa ir além.
Sem apresentar novos aspectos, o primeiro episódio da nova temporada apenas seguiu com as narrativas já apresentadas anteriormente. Isso evidenciou que, se quiser continuar relevante, a série vai precisar apostar na evolução dos conflitos do personagem central, que já estão apresentadas, mas precisam caminhar mais. Murphy é um tipo rico e com perspectiva de estar inserido em tramas importantes e curiosas, mas, para isso, é necessário que a produção não fique presa à fórmula inicial.
Reconhecido pelo trabalho na primeira temporada, Freddie Highmore continua ótimo como o médico autista. O protagonista pode ganhar contornos interessantes, nos novos episódios, com o tratamento de Glassman e a volta de uma personagem relevante para a história, tramas que podem ser fundamentais para a evolução dos conflitos dele.
"The Good Doctor" continua sendo uma das boas opções de dramas médicos da televisão, mas já chega ao segundo ano com o desafio de evoluir os conflitos do personagem, fugindo do que já foi apresentado e bem explorado. O encaminhamento da história do protagonista é fundamental para que a série se mantenha relevante diante da variedade disponível na TV.

THE GOOD DOCTOR (segunda temporada)

ONDE: ABC (Estados Unidos); ainda sem previsão de estreia no Brasil

COTAÇÃO DA ESTREIA: ★★★ (boa)

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