Boas novelas para reprisar enquanto produções inéditas não são retomadas

Divulgação/TV Globo

A produção de teledramaturgia no Brasil, como não poderia deixar de ser, foi afetada por conta da pandemia do novo coronavírus. As recomendações dos órgãos de saúde fizeram com que as emissoras interrompessem as gravações de novelas, provocando uma decisão incomum: reprisar folhetins fora do "Vale a Pena Ver de Novo", nos horários reservados às atrações inéditas.
Como em outras áreas, a retomada das gravações de novelas ainda é incerta. Segundo o jornalista Flávio Ricco, do portal Uol, um dos cenários estudados pela TV Globo é retomar os trabalhos dos folhetins em agosto, prazo que já contraria uma expectativa otimista da emissora, que analisava anteriormente a possibilidade de voltar a gravar suas produções em junho ou julho.
Se o prazo mais atualizado for cumprido, as novelas que tiveram que ser interrompidas pela pandemia, "Salve-se Quem Puder" e "Amor de Mãe", poderão voltar ao ar ainda no segundo semestre. "Nos Tempos do Imperador", que estava prestes a estrear antes da pandemia, também poderá começar a ser veiculada. Mas, ainda existe um outro planejamento para os folhetins.
Na semana passada, sites de notícias divulgaram que a TV Globo não descarta recorrer a outras reprises para os horários hoje ocupados pelas reexibições de "Novo Mundo", "Totalmente Demais" e "Fina Estampa". Nesse cenário, as novelas que estavam no ar antes da pandemia só seriam retomadas em 2021.
Essa possibilidade fez com que muita gente fosse às redes sociais para sugerir quais outras reprises poderiam ser escolhidas pela emissora para os três principais horários de folhetins. Em uma olhada rápida, "Amor à Vida" e "Salve Jorge" estavam entre as novelas mais citadas. Para não ficar de fora, resolvi listar algumas produções que poderiam ser reexibidas enquanto não é possível retomar as gravações das tramas inéditas.

18 HORAS

Divulgação/TV Globo
- A Vida da Gente (2011)

Estreia solo de Lícia Manzo em novelas, "A Vida da Gente" apresentou um ótimo drama familiar, alimentado especialmente pela relação das irmãs Ana (Fernanda Vasconcellos) e Manuela (Marjorie Estiano). A primeira vive um romance com Rodrigo (Rafael Cardoso), fica grávida e, antes de ter a criança, sofre um acidente, que a coloca em coma. A protagonista acorda anos depois e descobre que Manuela criou a filha dela e também engatou um relacionamento com Rodrigo. As irmãs também eram marcadas pela forte relação com a mãe, Eva (Ana Beatriz Nogueira). Enquanto Ana era claramente a favorita e, por isso, muito cobrada para ter uma carreira de sucesso no tênis, Manuela sofria por conta da rejeição da mãe. Adepta dos diálogos robustos, Lícia Manzo conseguiu prender a atenção do espectador com as conversas e elaboração de sentimentos dos personagens.

Divulgação/TV Globo
- Cama de Gato (2009)

Uma simples brincadeira pode ir longe demais. Essa foi a descoberta de Alcino (Carmo Dalla Vecchia), que planejou uma "armadilha" para o amigo, o perfumista Gustavo Brandão (Marcos Palmeira). Ele organiza uma situação com a intenção de reconectar essa amizade, mas o plano é sabotado por Verônica (Paola Oliveira), a esposa de Gustavo. O perfumista acaba sendo dado como morto e, ao adotar um novo estilo de vida, conhece a faxineira Rose (Camila Pitanga), por quem se apaixona. Escrita por Duca Rachid e Thelma Guedes, "Cama de Gato" teve uma história empolgante, texto ágil, bons núcleos coadjuvantes e uma ótima vilã, elementos que fazem a novela ser uma boa opção de reprise.

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- Lado a Lado (2012)

Vencedora do Emmy, a novela de João Ximenes Braga e Cláudia Lage se passava no Rio de Janeiro do início do século 20 e retratou acontecimentos históricos importantes, como as revoltas da Vacina e da Chibata. Além disso, o surgimento das favelas cariocas, do samba e a introdução do futebol na rotina do país também renderam bons momentos ao folhetim, marcado, ainda, pela amizade de Isabel (Camila Pitanga) e Laura (Marjorie Estiano). A conquista de espaço pelo negros, após o fim da escravidão, era outro tema abordado pela produção, que vinha à tona, especialmente, nos embates entre Isabel e Constância (Patrícia Pillar), baronesa que não se conformava com a perda de valor de seu título de nobreza e da afirmação crescente da cultura negra na sociedade.

19 HORAS

Divulgação/TV Globo
- Sangue Bom (2013)

Maria Adelaide Amaral e Vincent Villari criaram uma ótima comédia romântica a partir da conexão entre seis personagens. Amores, desencontros, frustrações e ambições marcam as relações entre os protagonistas, especialmente a de Amora (Sophie Charlotte) e Bento (Marco Pigossi), que se conhecem ainda crianças, em um lar adotivo, e se reencontram na fase adulta. A trama acertou ao apostar em personagens menos maniqueístas e passíveis de atitudes contraditórias. O folhetim também se beneficiou do frescor da abordagem crítica sobre o consumismo e a fama a qualquer preço. O elenco de "Sangue Bom" era ótimo, com destaque para os trabalhos de Giulia Gam, Deborah Evelyn, Marisa Orth, Malu Mader e Ingrid Guimarães.

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- Rock Story (2016)

Novela de estreia de Maria Helena Nascimento, "Rock Story" mostrava Guilherme Santiago (Vladimir Brichta), astro do rock dos anos 90, tentando voltar ao cenário musical após um período em baixa na carreira. Ofuscado por novos sucessos, o artista estabelece uma rivalidade com o cantor Léo Régis (Rafael Vitti), que só piora após uma acusação de plágio. Depois de terminar uma relação com Diana (Alinne Moraes), ele se envolve com Júlia (Nathalia Dill), uma professora de balé que passa a fugir da polícia após uma armação do antigo namorado. A novela conseguiu criar bons conflitos a partir da trajetória de ascensão e queda do protagonista e se fortaleceu com o elenco entrosado e tramas paralelas.

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- Beleza Pura (2008)

A queda de um helicóptero modifica a vida de diversos personagens no início de "Beleza Pura", história de Andrea Maltarolli, O engenheiro Guilherme (Edson Celulari) é responsabilizado pelo acidente e pela morte dos tripulantes da aeronave, entre eles, Sônia (Christiane Torloni), a mãe de Joana (Regiane Alves), que abandonou a filha adolescente em um orfanato. Guilherme e Joana acabam se aproximando e, com o andar da história, descobrem que os tripulantes do helicóptero estão vivos e que o acidente foi armado por Norma (Carolina Ferraz), vilã que acabou virando meme na internet com a frase "eu sou rica". "Beleza Pura" teve núcleos e personagens que funcionaram bem, como a atrapalhada Rakelli (Isis Valverde), que sonhava em ser dançarina do "Caldeirão do Huck".

21 HORAS

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- Paraíso Tropical (2007)

O bairro de Copacabana, no Rio de Janeiro, era o principal cenário de "Paraíso Tropical", trama assinada por Gilberto Braga e Ricardo Linhares. O foco da história estava nas gêmeas Paula e Taís (Alessandra Negrini), que se colocam em lados opostos em uma história de disputas por poder e dinheiro. Um dos destaques do folhetim foi o casal Olavo (Wagner Moura) e Bebel (Camila Pitanga), que armam juntos para atrapalhar a vida de Daniel (Fábio Assunção) e colocar as mãos na fortuna do empresário Antenor Cavalcanti (Tony Ramos). A dupla de autores apostou em uma acentuada crítica social e criou ótimos núcleos coadjuvantes, que ajudaram a sustentar a trama central.

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- Passione (2010)

Depois da morte do marido, a empresária Bete Gouveia (Fernanda Montenegro) descobre que um filho, que ela considerava morte, estava vivo e morando na Itália. Totó (Tony Ramos) foi criado pela irmã Gemma (Aracy Balabanian) e desconhecia a própria origem. Sabendo a localização do herdeiro de Bete, a enfermeira Clara (Mariana Ximenes) vai atrás dele e, ao lado do parceiro Fred (Reynaldo Gianecchini), tenta seduzir Totó para ficar com o dinheiro da empresária. Além dos nomes que encabeçavam o elenco, "Passione" contava com ótimos atores coadjuvantes, como Irene Ravache, Cleyde Yáconis, Elias Gleizer, Leonardo Villar, Leandra Leal, Emiliano Queiróz e Daisy Lúcidi, que viveu a avó má de Clara.

Divulgação/TV Globo
- A Favorita (2008)

Primeiro texto de João Emanuel Carneiro no principal horário de novelas, "A Favorita" já tem um retorno programado. A trama vai ser disponibilizada, a partir da próxima semana, no Globoplay, mas bem que poderia substituir a reprise de "Fina Estampa", caso "Amor de Mãe" só volte mesmo no ano que vem. A rivalidade entre Flora (Patrícia Pillar) e Donatela (Cláudia Raia), que formavam uma dupla sertaneja e acabaram envolvidas em um assassinato, era o ponto alto da trama. Condenada pelo crime, Flora passou 18 anos presa, mas sempre jurou inocência. Em liberdade, ela tenta convencer a filha Lara (Mariana Ximenes) e os sogros de que a verdadeira assassina é Donatela, que acaba indo para a cadeia por conta de armações da vilã. "A Favorita" teve uma narrativa ousada, que colocava o público em dúvida sobre as identidades da mocinha e da antagonista, e sequências criativas, como a morte de Gonçalo (Mauro Mendonça) e a revelação do caráter de Flora.

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