Canal Viva completa 10 anos com acertos e tropeços em programação nostálgica

Lançado com foco no público nostálgico, o canal Viva completou, nesta semana, 10 anos de existência como um projeto de sucesso da Globosat, empresa de TV por assinatura do Grupo Globo. O canal é um dos líderes de audiência da televisão paga e tem registrados números expressivos nos últimos tempos, especialmente por conta das novelas, o principal produto da programação.
Dados divulgados pelo jornalista Flávio Ricco, colunista do portal Uol, apontaram que "Brega & Chique", trama de Cassiano Gabus Mendes em reexibição no canal, atingiu recorde de audiência entre as estreias do Viva e conquistou um resultado 67% maior do que o segundo canal mais visto da TV por assinatura. "O Clone", de Glória Perez, ainda no ar, e "Cabocla", de Benedito Ruy Barbosa, também contribuíram para o bom desempenho de audiência.
A proposta do Viva, desde o início, é muito certeira. A nostalgia suscitada pela grade de programação está ligada à memória afetiva das pessoas. Em um país onde a televisão tem tanta força, não é incomum encontrar quem associe programas ou novelas a uma lembrança de infância, uma saudade ou outro momento que tenha marcado a vida. A TV é mais do que um eletrodoméstico e os produtos veiculados nela acabam, de uma maneira ou de outra, fazendo parte da rotina das pessoas.
Em uma década no ar, o Viva acumula acertos na programação, como a boa seleção de folhetins, e alguns tropeços, entre eles, o espaço restrito na grade para alguns produtos, como as minisséries. Vejamos algumas características desses 10 anos de nostalgia:

"Brega & Chique" e "Mulheres Apaixonadas" - Divulgação/TV Globo

- Escolhas certeiras das novelas

Grande chamariz do canal desde o início, as novelas são responsáveis pelos maiores índices de audiência do Viva. O resultado parece ser proporcional ao cuidado na escolha dos folhetins que ocupam a grade de programação. Há espaço para produções mais antigas, como é o caso de "Brega & Chique", "Que Rei Sou Eu?", "Baila Comigo" e "Sassaricando", com capacidade para atingir novos públicos e os nostálgicos; e também há lugar cativo para histórias levadas ao ar nas últimas duas décadas, como "Cabocla", "O Clone" e "Chocolate com Pimenta". Isso tudo sem falar das novelas consideradas históricas, que também ocuparam a grade do canal, como "Vale Tudo", "Roque Santeiro" e "Tieta". O Viva já anunciou, inclusive, que a ótima "Mulheres Apaixonadas", de Manoel Carlos, volta ao ar em agosto.

"Sai de Baixo" - Divulgação/TV Globo
- Programas "coringa"

Há 10 anos, o canal conta com alguns programas "coringa", que, mesmo trocando de horário e reprisados à exaustão, continuam funcionando. Cito dois: "Sai de Baixo" e "Toma Lá Dá Cá". Os humorísticos, que até possuem propostas semelhantes, já foram repetidos nos mais variados dias e lugares da grade de programação e, mesmo assim, ainda têm a capacidade de entreter o espectador, como se ele estivesse vendo aquilo pela primeira vez. Não importa quando, mas parece sempre bom acompanhar Caco Antibes (Miguel Falabella), Magda (Marisa Orth), Seu Ladir (Ítalo Rossi), Copélia (Arlete Salles) e Bozena (Alessandra Maestrini), que surgem para contribuir com um pouco de comédia, especialmente nesse período de quarentena.

"A Casa das Sete Mulheres" -
Divulgação/TV Globo 
- Minisséries pouco valorizadas

 O Viva teve, nos primeiros anos de existência, um espaço reservado para as minisséries, mas isso foi mudando com o tempo. Assim como aconteceu na TV aberta, de onde elas praticamente sumiram, o canal de reprises também foi desvalorizando essas produções. O gênero é caracterizado por um requinte narrativo e de execução, mas, atualmente, fica escondido no programação dos domingos, quase perto de meia-noite, após as reprises (das reprises) dos capítulos de "O Clone". Contando com um acervo rico da TV Globo, com títulos como "A Casa das Sete Mulheres", "Um Só Coração" e outras tantas, é uma pena que essas minisséries estejam tão desprestigiadas no canal.


"TV Pirata" - Divulgação/TV Globo
- Humorísticos: uns de mais, outros de menos

Os programas de humor sempre ocuparam um lugar de destaque no Viva, mas é preciso reconhecer que algumas reexibições são desproporcionais. Produções como "Viva o Gordo" e "TV Pirata", que estiveram durante um tempo na grade, foram perdendo espaço até sumirem de vez. Mesmo podendo resgatar opções como essas e ter mais variedade, o canal escolhe exibir episódios duplos de "A Grande Família", "A Diarista" ou "Escolinha do Professor Raimundo". Até entendo que a insistência em alguns desses programas seja sustentada por resultados de audiência, mas diversificar não faria mal. Isso sem falar em algumas escolhas duvidosas. O que explica, por exemplo, um horário para os quadros sem graça do "Zorra Total", enquanto ótimas séries de comédia, como "Os Normais", já foram tiradas da grade? É um ponto que poderia ser ajustado.

"Caça Talentos" - Divulgação/TV Globo
- Programação infantojuvenil fraca

Crianças e pré-adolescentes de hoje, além de adultos saudosistas de outrora, têm poucos atrativos na grade do Viva. Atualmente, as opções são: "Caça Talentos", novelinha protagonizada por Angélica e já reexibida em loop; o seriado "Sandy & Junior"; e o humor infantil de "A Turma do Didi". Fazendo um exercício rápido de memória, considerando o histórico do catálogo infantil da Globo, essa programação deveria ser mais forte. As duas versões do "Sítio do Picapau Amarelo" poderiam, por exemplo, estar no ar. Eu sei que uma delas já esteve na grade, mas reprisar muitas vezes um mesmo produto não parece ser um problema para o canal. Me atrevo até a uma sugestão: reexibir "TV Colosso", inclusive com os desenhos da época. Pode ser custoso, especialmente por conta dos direitos de exibição das animações, mas também seria ótimo.

"Cassino do Chacrinha" -
Divulgação/TV Globo
- Dificuldade de emplacar atrações de auditório e variedades

"Cassino do Chacrinha" foi um dos grandes acertos do Viva nesses 10 anos. A irreverência do apresentador Abelardo Barbosa e os números musicais dos anos 80 continuam sendo um bom divertimento. Porém, é curioso observar que outros programas de auditório e variedades não renderam da mesma forma na programação do canal. Exibidos durante um período, atrações como "Mais Você", "Caldeirão do Huck" e "Encontro com Fátima Bernardes" "passaram do tempo", ficaram datadas muito rápido e não despertaram o mesmo interesse. O "Domingão do Faustão" foi outro que parece não ter dado certo. Por outro lado, não seria uma ideia ruim se o canal apostasse nas reprises do "Programa do Jô" e do "Brasil Legal", produções com possibilidades mais amplas para a grade.

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