"Scandal" encerra trajetória com desfecho aberto e coerente para os personagens

Ao longo de sete temporadas no ar, "Scandal" sempre mostrou que não resistia a uma boa conspiração pelo poder em Washington. Foram inúmeras as tentativas de políticos, agentes secretos e outras figuras públicas para conquistarem o centro político dos Estados Unidos, e, consequentemente, toda a nação. Para encerrar essa trajetória na TV, nada mais certo do que dar um desfecho ao último deles e definir o futuro dos personagens.
Mais do que nunca, Olivia Pope (Kerry Washington) esteve no centro dos conflitos da sétima e última temporada. Depois de voltar à Casa Branca como chefe de gabinete de Mellie (Bellamy Young), a protagonista passou por mudanças ao ceder aos efeitos de estar "no topo". Também como a nova Comandante do B-613, a organização secreta apontada como a verdadeira sustentação do governo, Olivia conspirou e armou para conseguir se manter no controle das decisões políticas, indo frequentemente contra os plano da presidente.
Após passar um tempo praticamente exilada do convívio político e dos amigos, principalmente pela decisão de matar o presidente de um país do Oriente Médio, cujas negociações de paz estavam sob o comando de Mellie, Olivia se vê envolvida em uma nova conspiração para tomar o poder e cujo personagem central é, mais uma vez, um vice-presidente. Agora, Cyrus Beene (Jeff Perry) está interessado em tirar a presidente do Salão Oval e assumir o protagonismo político dos Estados Unidos. Para isso, foi capaz de armar o sequestro do próprio avião e jogar todas as suspeitas de tentativa de assassinato em cima de Mellie.
Diante de um cenário insegurança mundial, já que a líder da maior economia do mundo está sendo acusada de conspiração, Olivia volta à cena para ajudar a revelar o plano de Cyrus e impedir que Mellie sofra um impeachment e manche o legado da primeira mulher a chegar à Casa Branca. Só que o vice-presidente encontra em Jake Ballard (Scott Foley) o aliado ideal para atingir seus objetivos. Distante do círculo de Olivia, o agora Comandante do B-613 forja todas as provas e deixa rastros que mostram a participação de Mellie e da protagonista na tentativa de assassinato de Cyrus.
Com aparentemente todas as cartas na mesa, Olivia recorre a uma escolha pouco comum no mundo político de Washington: revelar toda a verdade. Com o apoio dos amigos, de Mellie e do ex-presidente Fitzgerald Grant (Tony Goldwyn), a protagonista decide, então, revelar para a nação a existência do B-613 e todas as decisões tomadas pela figura do Comandante, que, em 30 anos, esteve ativamente envolvido em todos os caminhos percorridos pelos presidentes, mesmo que eles não soubessem disso.
Com o principal segredo da série revelado, a última conspiração também foi solucionada e os personagens puderam ter seus destinos traçados. Após serem investigados e julgados por uma comissão do Senado, por conta do envolvimento com as ações do B-613, os personagens se livram das consequências dos atos graças ao pai de Olivia, Rowan (Joe Morton), que revela a atuação dele à frente da organização. Para livrar todos, o Comandante aposentado incrimina Jake pelos últimos planos secretos e faz com que ele vá parar na cadeia. O plano, no entanto, livra Cyrus de uma punição mais severa, mas o vice-presidente acaba renunciando ao cargo após pressão de Olivia.
Escrito por Shonda Rhimes, a criadora da série, o episódio final de "Scandal" trouxe desfechos abertos e coerentes aos personagens. O amor intenso de Olivia e Fitz ganhou um recomeço em uma cena que deixou o público livre para imaginar o que viria a seguir. Mellie passa a se dedicar ao controle de armas nos Estados Unidos e, também, se abre para um relacionamento mais sólido com Marcus (Cornelius Smith Jr.). Abby lida com a ausência de David Rosen (Joshua Malina), assassinado por Cyrus, que, mesmo sem uma punição dura, terminou sem aquilo que mais desejava. Quinn (Katie Lowes) e Charlie (George Newbern) conseguem um final feliz juntos.
As escolhas pelos encaminhamentos dos finais para os personagens pareceu coerente para encerrar "Scandal", mesmo que o último episódio não tenha trazido momentos impactantes. A última temporada, aliás, foi formada por bons caminhos do roteiro, ainda que alguns personagens tenham perdido relevância, como Fitz e Huck (Guillermo Díaz). A trajetória de Olivia, em especial, merece destaque e norteou os acontecimentos do último ano da série. Depois de conhecer a força e as tentações que o poder exerce, se rendendo a elas, a protagonista sofre até encontrar a redenção e se reconectar com seus ideais.
Um dos momentos finais de "Scandal" trouxe uma dupla interpretação: em uma sequência, duas meninas negras caminham pela galeria que abriga fotos de ex-presidentes e se deparam com um quadro de Olivia na parede. Além de indicar um possível futuro para a personagem, as cenas também servem como reflexão e diálogo sobre representatividade e a importância de ter uma protagonista negra no centro de um produto de entretenimento, que pode servir de espelho para o mundo todo.
Em sete temporadas, "Scandal" até foi alvo de repetições do roteiro e escolhas que enfraqueceram a narrativa, mas nunca deixou de ser um bom entretenimento, que prendeu o espectador com reviravoltas e conspirações irresistíveis, além de ter uma das melhores trilhas sonoras da televisão. A influência de Olivia Pope nos corredores do poder político vai fazer falta.

Em tempo: a última temporada de "Scandal" só estreia no dia 7 de maio, no Brasil.

SCANDAL (sétima e última temporada)

COTAÇÃO: ★★★ (boa)

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