"Westworld" volta com promessa de ampliar universo e criar novos enigmas
Baseada na obra literária de Michael Crichton e em um filme homônimo, bem fraco inclusive, lançado em 1973, a série mostrou, no primeiro ano, um parque temático criado para satisfazer os desejos mais profundos das pessoas, com promessas, inclusive, de proporcionar experiências únicas. No principal cenário do parque, os hóspedes, que pagam fortunas para estar ali, são incluídos em narrativas de western que, geralmente, envolvem crimes violentos e íntimas vontades sexuais, cujos principais alvos são as inteligências artificiais colocadas no parque como anfitriões.
Depois das revelações, que vieram à tona no fim da primeira temporada, sobre as intenções de Robert Ford (Anthony Hopkins), um dos idealizadores do parque, e da evolução das inteligências artificiais, que passam a ganhar "consciência" sobre suas condições, a estreia do segundo ano introduz a promessa da expansão do universo até aqui apresentado.
Após uma revolta das "máquinas", executivos da empresa que controla o parque se tornam reféns dos anfitriões. Um grupo deles, liderado por Dolores (Evan Rachel Wood), antes a doce filha de um fazendeiro, persegue essas pessoas e promove uma matança pelo deserto. Da boca dela, surge o entendimento da frase que abriu o texto: aos humanos, que tanto exploraram as opções para satisfazerem seus prazeres violentos, o destino é um fim igualmente violento.
Com uma narrativa mostrada em dois tempos, a série também promete momentos mais intensos para Bernard (Jeffrey Wright), que teve alguns segredos surpreendentes revelados no primeiro ano. Agora, a história mostra o cientista tentando escapar da revolta no parque e, paralelo a isso, também instiga o público a imaginar quais foram os acontecimentos que levaram o personagem a ser encontrado desacordado, no futuro, em uma praia e como ele esteve envolvido na ação dos anfitriões.
A trajetória pessoal de Maeve (Thandie Newton) também ganha novos contornos. Depois de adquirir consciência sobre as outras narrativa em que esteve envolvida e ter a oportunidade de sair do parque, a inteligência agora não tão artificial decide procurar a menina que, no acesso às memórias de uma outra história, agia como filha dela, Para isso, ela conta com o apoio de Hector (Rodrigo Santoro) e de Lee (Simon Quarterman), o criador de algumas das narrativas do parque.
Desde o primeiro episódio com uma trama complexa, "Westworld" tem no roteiro instigante o principal atrativo. Sem subestimar a inteligência do espectador, a série continua, na estreia da segunda temporada, impressionando pela capacidade em criar reviravoltas e, também, manter a coerência com a proposta de criar ficção científica de boa qualidade. Sem explicações desnecessárias e detalhes divulgados a conta-gotas, a narrativa ganha um ritmo interessante e se renova com frequência, características que, espero, estejam preservadas nesse segundo ano que começa agora.
Com uma produção caprichada e realista, a série também volta com a promessa de explorar universos que vão além do já explorado Velho Oeste e cujas geografias podem interferir na história. Além disso, os conflitos de alguns personagens, como Dolores, Bernard e o Homem de Preto (Ed Harris), lidando com novas descobertas e evoluções de personalidades, devem movimentar os episódios futuros.
Promissora, "Westworld", mesmo com a demora para voltar ao ar, começa a segunda temporada sinalizando a intenção de ampliar o universo da série, trazendo novas reviravoltas e criando instigantes enigmas para os episódios que estão por vir. Caso seja necessário, vale rever o primeiro ano para relembrar alguns detalhes que podem ter se perdido na memória. Pela qualidade do produto, não será nenhum sacrifício.
WESTWORLD (segunda temporada)
ONDE: HBO (todos os domingos, às 22 horas)
COTAÇÃO: ★★★★ (ótima)
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