As 10 melhores novelas de todos os tempos

Divulgação/TV Globo

Acompanhar as idas e vindas de um casal que enfrenta tudo para conseguir viver o amor; se revoltar as maldades de um vilão inescrupuloso e sarcástico; se comover com os altos e baixos de uma mulher batalhadora, que tenta vencer na vida; e torcer pela jornada de um personagem em busca de redenção. É comum ligarmos a TV (ou qualquer outra tela de preferência) e nos depararmos com essas e muitas outras tramas que ajudam a construir a telenovela, gênero de origem cubana que, rapidamente, criou uma identidade brasileira e passou a fazer parte da rotina das pessoas.
A tradição de seguir os capítulos de um história já vinha de muito antes do início das telenovelas, quando as pessoas já eram habituadas às tramas transmitidas pelas rádios ou acompanhavam os capítulos de folhetins publicados em jornais. Na TV, o gênero deixou de contar apenas com a imaginação do público para se materializar em imagens. Dos parcos recursos do começo até a sofisticação dos tempos atuais, a novela foi se transformando e segue ocupando um lugar de destaque no entretenimento do brasileiro, ainda que impactada pelo sucesso de outros formatos e tecnologias.
Confesso que, apesar de ser um entusiasmado espectador das telenovelas, andei um pouco afastado do gênero nos últimos tempos, especialmente por conta de repetições das histórias e até de uma certa queda de qualidade, mas, recentemente, produções como "Bom Sucesso" e "Amor de Mãe" resgataram o prazer que eu sempre tive de acompanhar esse tipo de trama.
A ideia de elencar as melhores novelas de todos os tempos veio de uma conversa com um amigo, que usou uma rede social para falar sobre o quanto gostava da novela "O Clone", escrita por Glória Perez e em reprise no canal Viva. A partir disso, pensei que criar essa lista poderia ser um bom exercício e, também, uma forma de relembrar algumas das produções mais marcantes do gênero.
Nunca é demais lembrar que, assim como a maioria das listas, a escolha das novelas desse ranking não é definitiva ou inquestionável, e nem significa que a ausência de uma ou outra produção desmereça a qualidade desse trabalho ou a importância que ele possa ter para outras pessoas. Esses folhetins foram selecionados a partir das minhas preferências e, claro, levando em conta aqueles que pude assistir, uma vez que não é a proposta aqui escrever sobre algo que não vi. Então, vamos às novelas.

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10) Sete Vidas (2015)

A autora Lícia Manzo é, atualmente, a melhor em um estilo chamado de naturalismo, em que as tramas são mais focadas na realidade e na rotina dos personagens. Nas obras da novelista, a vida é a grande provocadora de conflitos e ações. Em "Sete Vidas", Lícia focou na busca de sete jovens pelo pai biológico, que era um doador de sêmen. De uma hora para outra, Miguel (Domingos Montagner), até então um homem solitário, se vê inserido em um inesperado núcleo familiar. A trama teve um texto primoroso, que privilegiava a elaboração de sentimentos dos personagens. O mérito da autora também foi o de colocar no centro de uma história as novas configurações de famílias e a importância do amor nessas relações.

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9) A Viagem (1994)

Tendo como tema a doutrina espírita, a novela de Ivani Ribeiro acompanhava Diná (Christiane Torloni) e Otávio (Antonio Fagundes), casal que tem alguns desentendimentos antes de ficar junto. O irmão de Diná, Alexandre (Guilherme Fontes), é condenado por um crime e acaba se matando na cadeia. O espírito perturbado dele, no entanto, decide se vingar de todos aqueles que não o ajudaram em vida, inclusive Otávio, que tem a morte provocada por Alexandre. Em determinado momento da trama, após o falecimento de Diná, a novela foca na redenção do espírito de Alexandre. Com muita sensibilidade, Ivani Ribeiro soube usar todos os elementos do gênero sem cair no didatismo ou na tentação de impor uma visão religiosa. O resultado final foi uma história forte e inspiradora sobre vida, morte e amor.

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8) Laços de Família (2000)

Manoel Carlos é o maior autor da TV quando se fala em retratar o cotidiano. O novelista já disse que se inspira no dia a dia das pessoas que encontra pelo Leblon, bairro onde mora na zona sul do Rio de Janeiro, e também em notícias de jornal para construir suas novelas. O trabalho mais marcante do autor, na minha opinião, foi "Laços de Família", quando o papel de Helena, nome sempre usado por ele para as protagonistas, foi de Vera Fisher. Depois de engatar um romance com Edu (Reynaldo Gianecchini), Helena percebe que a filha Camila (Carolina Dieckmann) está apaixonada pelo namorado dela e se afasta para que os dois fiquem juntos. A protagonista ainda dá outra prova de amor à filha quando decide engravidar para salvar Camila de uma leucemia, doando a medula do cordão umbilical do bebê para o transplante da filha mais velha. Além da trama central, a novela também focou em outras temas fortes, como a prostituição e os valores familiares.

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7) Velho Chico (2016)

A novela de Benedito Ruy Barbosa não foi um fenômeno de audiência, mas nem sempre sucesso e qualidade andam juntos. O autor voltou a abordar um tema recorrente na obra dele: os conflitos entre famílias rivais. A briga entre os De Sá Ribeiro e os Dos Anjos afetou gerações e resultou em mortes e amores proibidos. O texto inspirado ganhou o reforço da direção de Luiz Fernando Carvalho, que trabalhou quase que como um coautor e criou uma identidade visual muito impactante para a novela. "Velho Chico" também falou sobre política e problemas sociais, outras marcas do trabalho de Benedito Ruy Barbosa. Perto do fim da trama, o ator Domingos Montagner, um dos protagonistas, morreu afogado durante uma viagem para gravações de sequências da história, o que gerou uma homenagem emocionante ao intérprete no último capítulo.

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6) Avenida Brasil (2012)

A história de vingança de Nina/Rita (Débora Falabella) contra a madrasta Carminha (Adriana Esteves) se transformou em um dos maiores fenômenos do gênero e não foi à toa. O autor, João Emanuel Carneiro, levou ao ar uma história muito bem amarrada, ainda que a temática não fosse nenhuma novidade. A primeira fase do folhetim foi irretocável e mostrou como Carminha aplicou um golpe em Genésio (Tony Ramos) e abandonou Rita (Mel Maia) em um lixão. Anos depois, com outro nome, a protagonista volta para se vingar da madrasta, que casou com o jogador de futebol Tufão (Murilo Benício). Além de uma direção inspirada e mais realista, "Avenida Brasil" contou com um elenco afinado, com destaque para Adriana Esteves, que entrou para o rol da maiores vilãs da teledramaturgia.

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5) Força de um Desejo (1999)

Poucas vezes eu vi uma novela tão ágil quanto a história de Gilberto Braga e Alcides Nogueira. Enquanto muitos folhetins sofrem com as chamadas "barrigas", usadas para postergar desfechos e, no português claro, enrolar o espectador, "Força de um Desejo" tinha um roteiro que resolvia os acontecimentos da novela muito rápido e, logo em seguida, inseria os personagens em novas tramas. Isso permitiu que muitos desfechos não ficassem para o último capítulo e deu um movimento interessante para a história. Ambientada no século XIX, a novela mostrava a cortesã Esther Delamare (Malu Mader), dona de um bordel, que se apaixonava por Inácio (Fábio Assunção), herdeiro de uma grande fortuna. O romance é interrompido e Esther acaba se casando com o barão Henrique Sobral (Reginaldo Faria), pai de Inácio. Dois ótimos personagens da trama eram: o mascate Higino Ventura (Paulo Betti), que vira um vingativo fazendeiro; e a vilã Idalina (Nathalia Timberg).

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4) A Indomada (1997)

Colonizada por ingleses, Greenville ficava no litoral do Nordeste brasileiro e era cenário de acontecimentos muito inusitados. Na trama de Aguinaldo Silva e Ricardo Linhares, a cidade se beneficiou da produção de cana-de-açúcar, mas vivia um período da pasmaceira até a volta de Helena (Adriana Esteves), prometida em casamento ao comerciante Teobaldo (José Mayer), que assumiu as dívidas e o sustento da família Mendonça e Albuquerque. A grande inimiga do casal era a vilã Altiva (Eva Wilma), que tinha como comparsa o político Pitágoras Mackenzie (Ary Fontoura). Entre as esquisitices de Greenville, estava o hábito de misturar o português com palavras da língua inglesa; o misterioso caso do delegado que caiu em um buraco e foi parar no Japão; e a presença do Cadeirudo, uma figura que assustava as mulheres da cidade em noites de lua cheia.

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3) Vale Tudo (1988)

Vale a pena ser honesto no país do "jeitinho brasileiro"? Esse era o fio condutor da novela de Gilberto Braga, Aguinaldo Silva e Leonor Bassères, que começava com um golpe aplicado por Maria de Fátima (Glória Pires) na mãe Raquel (Regina Duarte). Fugindo para o Rio de Janeiro, Fátima deixa a mãe na miséria para se tornar uma mulher da alta sociedade. A vilã consegue se casar com Afonso (Cássio Gabus Mendes), filho da empresária Odete Roitman (Beatriz Segall), mulher que odeia o Brasil e que se transforma em inimiga de Raquel. "Vale Tudo" tem diálogos muito fortes sobre ética e honestidade, além de ótimos embates entre os personagens. Além disso, a novela apresentou a dúvida mais famosa da televisão: quem matou Odete Roitman?

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2) Roque Santeiro (1985)

Baseada na peça teatral "O Berço do Herói", a novela de Dias Gomes e Aguinaldo Silva falou sobre a construção de mitos e a exploração comercial dessas figuras. Em Asa Branca, cidade que funcionava como um microcosmos do Brasil, tudo girava em torno da fama de Roque Santeiro (José Wilker), que teria morrido como mártir e tinha alguns milagres atribuídos a ele. O falso santo fez a cidade prosperar e beneficiou várias figuras da região, como o fazendeiro Sinhozinho Malta (Lima Duarte) e a Viúva Porcina (Regina Duarte), que dizia ter sido namorada de Roque. Nenhum deles contava, no entanto, que o falso santo surgiria vivo e disposto a revelar a farsa a todos. A novela foi marcada por um texto satírico e personagens inspirados, como o prefeito Florindo Abelha (Ary Fontoura) e o professor Astromar (Rui Resende), que se transformava em lobisomem.

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1) A Próxima Vítima (1995)

Quem matou? Por que matou? Quem vai ser a próxima vítima? Essas três perguntas sustentavam a novela policial de Silvio de Abreu, que tinha São Paulo como cenário principal. Um misterioso assassino começava a eliminar pessoas que, aparentemente, não tinham conexão. O criminoso enviada às vítimas uma lista do horóscopo chinês e era visto dirigindo um Opala preto. Os crimes envolviam a tradicional família Ferreto e um assassinato do passado. Repleta de personagens de caráter duvidoso, "A Próxima Vítima" só resolveu o mistério no último capítulo, cujo desfecho foi gravado poucas horas antes de ir ao ar. A sequência da revelação do assassino e as mortes dos personagens são alguns dos momentos mais marcantes da teledramaturgia brasileira.

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