Ainda "Vale Tudo" em 2011

Divulgação/TV Globo

O canal por assinatura Viva reexibe, desde outubro do ano passado, a novela "Vale Tudo", de Gilberto Braga, Aguinaldo Silva e Leonor Basséres. A volta da trama, que sempre foi considerada um clássico da televisão brasileira, permite que uma nova geração possa acompanhar essa história que, além dos elementos sempre presentes em folhetins, traz discussões sobre ética, moral e patriotismo.
Exibida originalmente entre os anos de 1988/1989, "Vale Tudo" começa apresentando a família de Raquel Accioli (Regina Duarte), que vive em Foz do Iguaçu com a filha, Maria de Fátima (Glória Pires), e o pai (Sebastião Vasconcelos). Humildes, Raquel e o pai tentam ensinar valores morais e éticos para Fátima, que só pensa em enriquecer e subir na vida. Para isso, decide vender a casa que herdou do avô falecido e ir atrás de César (Carlos Alberto Ricceli), no Rio de Janeiro. A jovem pega o dinheiro da venda e de manda, deixando Raquel sem ter onde morar.
Raquel decide, então, ir atrás da filha, convencida de que a menina for forçada por César a fazer o que fez. Quando descobre que, na verdade, todo o plano foi arquitetado por Fátima, Raquel renega a filha. Porém, como todo vilão que se preza, Fátima se finge de arrependida e conquista o perdão da mãe. O ponto final na relação mãe/filha só é colocado quando Raquel descobre que Fátima armou para separá-la de Ivan (Antônio Fagundes), a pedido de Odete Roitman (Beatriz Segall) que promete ajudar a jovem a se casar com seu filho Afonso (Cássio Gabus Mendes).
É interessante poder comparar "Vale Tudo" com as novelas produzidas atualmente. Apesar de usar elementos folhetinescos comuns, como a vilã que tenta separar o casal protagonista, sua estrutura é totalmente diferente. Enquanto os folhetins de hoje precisam de dinamismo e ação, "Vale Tudo" apostava mais em diálogos longos e narrativa mais lenta. Outros tempos. Agora, os autores precisam enfeitar os capítulos de seus folhetins com cenas externas, sequências de ação e histórias com desfechos rápidos. Tudo isso para não perder audiência para a internet, aparelhos de DVD ou canais por assinatura.
Por conta desse dinamismo, que não permite "barrigas" nas histórias, as novelas de hoje não poderiam apresentar as longas discussões éticas e morais apresentadas em "Vale Tudo". Logo no início da trama, eram constantes os diálogos sobre honestidade e corrupção entre os personagens de Glória Pires, Regina Duarte e Sebastião Vasconcelos. A discussão sobre ficar ou não com US$ 800 mil encontrados em uma mala movimentou a novela por vários capítulos. É certo Raquel e Ivan ficarem com essa grana, mesmo sabendo que era dinheiro roubado por Marco Aurélio (Reginaldo Faria) das empresas de Odete Roittman? Será que ladrão que rouba ladrão tem mesmo 100 anos de perdão?
Discutir o famoso "jeitinho brasileiro" também é uma proposta da trama que, vez ou outra, coloca esse tipo de atitude em cheque. O falta de patriotismo de Odete Roitman também é um assunto recorrente. Afinal, todo mundo já conheceu alguém que desmerece o Brasil e os brasileiros: "o Brasil não tem jeito".
Por ter assuntos ainda recorrentes e discussões pertinentes para o país e a população, além de uma trama para que nenhum noveleiro bote defeito, "Vale Tudo" segue uma novela imperdível. 

VALE TUDO

QUANDO: de segunda a sábado, às 00h45 e meio-dia

ONDE: canal Viva

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