"Cheias de Charme" abre novos horizontes para as telenovelas


Cada vez mais me convenço de que um dos caminhos para a repetição constante de temas nas novelas é apostar em novas "roupagens" para essas tramas. "Cheias de Charme", que terminou nesta sexta-feira (28), trouxe maneiras diferentes de contar histórias clássicas, presentes em vários segmentos além da televisão.
Como nos contos de fada, a história da Gata Borralheira foi transportada para as vidas de Cida (Isabelle Drummond), Penha (Taís Araújo) e Rosário (Leandra Leal), empregadas domésticas que, por conta de uma "fada madrinha", se tornaram cantoras de sucesso. Como os tempos são outros, aqui a fada madrinha foi a internet, que disseminou o clipe "Vida de Empreguete" e deixou o trio conhecido. E, mesmo que o mundo tenha se modernizado e a carreia profissional seja um fator importante, as protagonistas não poderiam terminar sem seus príncipes encantados Elano (Humberto Carrão), Sandro (Marcos Palmeira) e Inácio (Ricardo Tozzi).
Toda história assim também precisa de uma bruxa, só que aqui ela ganhou contornos extravagantes e cômicos na pele de Chayene (Cláudia Abreu), a musa do eletroforró que fez de tudo para acabar com o sucesso das Empreguetes. Por conta da leveza da trama, a vilã foi castigada no fim e condenada a um pequeno ostracismo, mas a punição até que foi leve. Arrependida, a cantora terminou ao lado de Fabian (também Ricardo Tozzi), fazendo shows para crianças. E, de quebra, continuou ao lado de seu fiel escudeiro Laércio (Luiz Henrique Nogueira) e sua "personal curica" Socorro (Titina Medeiros).
Tradicional na narrativa, "Cheias de Charme" apostou na modernidade para conquistar o espectador. A presença da internet fez diferença e permitiu que sucessos musicais como "Vida de Empreguete" se tornassem "virais", tanto dentro quanto fora da novela. A ideia de trazer empregadas para os papéis principais também foi um gás diferente para a teledramaturgia.
A trama divertida e o ótimo elenco foram grandes responsáveis pelo sucesso da novela. Além dos atores centrais, Tato Gabus Mendes, Alexandra Richter, Malu Galli, Aracy Balabanian e Daniel Dantas se destacaram. As músicas e os shows apresentados na trama também proporcionaram bons momentos.
Algumas coisinhas deixaram a desejar: com o rompimento das Empreguetes, a trama perdeu um pouco do fôlego e deu algumas voltas sem sair do lugar. Os finais de alguns personagens pareceram ter sido resolvidos "de qualquer jeito". A advogada Lygia (Malu Galli), por exemplo, teve seu desfecho ao lado de Gilson (Marcos Pasquim), o pai de seu filho que ela não via há anos e que, até então, nuca havia demonstrado interesse nela. Ficou parecendo "se só tem tu, vai tu mesmo". O último capítulo, no geral, foi regular, sem trazer nenhuma surpresa.
"Cheias de Charme" foi boa e divertida novela das 19h. A história clássica, porém repaginada, mostrou que há uma luz no fim do túnel e que, ao invés de se acomodarem, os autores podem propor novos caminhos para a teledramaturgia. Que o sucesso das Empreguetes abra novos horizontes.

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