Tempo e saída de personagens afetam profundamente "Grey´s Anatomy"

As séries, assim como as pessoas, precisam saber envelhecer. Quando um seriado fica no ar por muitos anos, a reinvenção e a capacidade de surpreender o espectador são necessárias para que, além do sucesso, seja conservada a qualidade do programa. Há, pelo menos, três anos tenho dito que "Grey´s Anatomy" vem andando em círculos e prejudica sua bem sucedida trajetória inicial. Isso fica ainda mais evidente com a estreia da 11ª. temporada dos médicos do Grey Sloan Memorial Hospital, na última quinta-feira (25), nos Estados Unidos.
No primeiro episódio, fica evidente quão profundas são as sequelas deixadas pela saída de Cristina (Sandra Oh), tanto para os personagens quanto para a série em si. A protagonista Meredith (Ellen Pompeo), agora, está sem sua melhor amiga, dupla que marco o seriado desde o primeiro ano da residência das médicas. Na falta de sua "cara metade", ela se consola com Alex (Justin Chambers), um dos poucos que estão desde o início do programa.
Meredith vive, ainda, uma crise no casamento do Sheperd (Patrick Dempsey), que quer seguir uma oportunidade de trabalho em Washington e deixar Seattle com a família. Os conflitos do primeiro episódio da nova temporada também ficam por conta de Webber (James Pickens Jr), que descobriu ser pai de Maggie (Kelly McCreary), a substituta de Cristina na chefia da cardiologia do hospital. A personagem, aliás, deve ser responsável por mais conflitos na série, ocasionados pela relação conflituosa com a meia irmã, Meredith.
Um passo importante no relacionamento entre Callie (Sara Ramirez) e Arizona (Jessica Capsshaw), que estão refletindo sobre a ideia de recorrerem a uma barriga de aluguel para terem uma segunda filha. As dúvidas de Callie sobre o método entram em conflito com as certezas de Arizona. Quando tudo parecia caminhar para um consenso, Arizona recebe uma proposta de bolsa de estudos, oferecida pela nova médica do hospital, Dra. Herman (Geena Davis), o que pode prejudicar os planos do casal.
O fator que mais prejudica "Grey´s Anatomy" nessa reestreia é o tempo. No ar há 11 anos, é difícil surpreender e fugir da fórmula consolidada pela série de Shonda Rhimes. A equação tragédias/mudanças no elenco/casos médicos mostra-se esgotada em mais essa temporada, afetada ainda mais pela saída de Sandra Oh que, ao lado de Ellen Pompeo, eram os pilares do seriado.
Sobre as poucas novidades da trama, ainda é cedo para dizer se a introdução de novas personagens, interpretadas por Geena Davis e Caterina Scorsone, agregarão valores à história. Quanto ao elenco, ao contrário dos efeitos no enredo, é beneficiado pelo tempo da série, que atribui muito entrosamento entre os atores.
Renovada para, pelo menos, mais duas temporadas, "Grey´s Anatomy" envelheceu e ficou marcada pelos efeitos do tempo. Sem o frescor que marcou a série nos primeiros anos, assumo que ainda assisto ao drama dos médicos de Seattle por mero hábito. Uma vez pois, é pertinente repetir, o grande sucesso de um seriado também é determinado pela sábia decisão de saber parar.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Mesmo com protagonista descaracterizada, "Gabriela" foi bom entretenimento

Final de "Revenge" decepciona e desvaloriza confronto entre protagonistas

The Blacklist apresenta novo gancho para trama central e introduz spin-off arriscado