Texto e personagens continuam sendo pilares fortes para manter "Downton Abbey" em pé

A aristocracia britânica já viveu momentos gloriosos. Grandes festas, banquetes, muitas obras de arte, joias, empregados. Uma sociedade, no entanto, é feita de mudanças e sujeita a interferências, que podem vir da política, da guerra ou de epidemias. Depois de seis temporadas, a série inglesa "Downton Abbey" dá início ao seu último ano apontando todas as alterações feitas na rotina da família Crawley, mas deixando claro que a história ainda se sustenta por um roteiro bem trabalhado e personagens interessantes. 
Na estreia da sexta temporada, que ocorreu no último domingo (20), na Inglaterra, Lord Grantham (Hugh Bonneville) está preocupado com as mudanças que observa na sociedade. Aos poucos, o conde vê que grandes famílias estão tendo que se desfazer de imponentes propriedades e de seus muitos empregados em nome de uma vida mais modesta. "Em 20 anos, não haverá uma casa como essa que não seja uma instituição", diz um aristocrata enquanto observa todos os seus pertences serem leiloados.
A nova situação do país também afeta os empregados de Downton, alarmados com a possibilidade de corte de gastos na mansão. Os receios também chegam aos funcionários da Condessa-Viúva Violet (Maggie Smith), que resolve dar uma lição em uma empregada fofoqueira, mesmo não tendo nenhuma intenção de mudar seu estilo de vida. A condessa, aliás, não está envolvida só com este problema. Uma ameaça de mudança no poder administrativo do hospital local coloca Violet e Isobel (Penelope Wilton) em lados opostos, mas sem que as duas deixem de lado a amizade que construíram.
O primeiro episódio da temporada também resolve conflitos iniciados em anos anteriores. Anna (Joanne Froggatt) e Bates (Brendan Coyle) finalmente podem seguir com a vida de casados, depois de as acusações de assassinato que pesavam contra ela serem retiradas. Lady Mary (Michelle Dockery) também é assombrada por uma atitude do passado e passa a ser chantageada por isso. Tudo, no entanto, se resolve com a intervenção de Lord Grantham. 
O futuro casamento de Carson (Jim Carter) e Senhora Hughes (Phyllis Logan), assim como a forma com que eles estão encarando essa nova fase de suas vidas, também é um ponto apresentado nesse sexto ano. O enredo deve ser responsável, aliás, por muitos dos grandes momentos do encerramento da série.
"Downton Abbey", mesmo passando por alterações no elenco, que inevitavelmente afetam a história, sempre conseguiu manter a qualidade da narrativa, com diálogos inspirados e bons conflitos entre os personagens. A história carrega algumas semelhanças com os folhetins, mas a qualidade do texto evitou que a série caísse em alguns clichês.
Com atuações impecáveis, o elenco é outro grande destaque da série. Nesta sexta temporada, os principais conflitos devem envolver os personagens de Jim Carter, Phyllis Logan, Hugh Bonneville e Michelle Dockery, que, ao que parece, terão oportunidades para "colocar a atração no bolso". Maggie Smith, como sempre, continua insuperável com sua Condessa-Viúva sarcástica e avessa a mudanças.
Mesmo que as mudanças da sociedade possam fazer com que a mansão fique grande demais para os Crawley, "Downton Abbey" mostra que ainda se sustenta por pilares sólidos, formados pelo bom texto e por personagens extremamente carismáticos. Que venham os desfechos dessa família de aristocratas, que vai deixar saudades na televisão mundial.

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