Caos volta a movimentar "Fargo" na estreia da segunda temporada

Caos. Desde o filme que deu origem à série de TV, tudo se baseia nisso: no caos, que faz com que pessoas comuns tenham as reações mais inusitadas, inclusive, sendo capazes de cometer verdadeiras atrocidades. Na estreia de sua segunda temporada, que foi ao ar na semana passada, nos Estados Unidos, "Fargo" manteve a qualidade e a fidelidade ao espírito dos irmãos Joel e Ethan Coen, responsáveis pela produção executiva da série e, também, pelo filme homônimo de 1996.
As situações que levam os personagens ao limite continuam sendo os estopins para a história. Agora, "Fargo" se passa nos anos 70, no frio estado de Minessota. Ali, a família Gerhardt comanda o crime na região, mas vê seus negócios ameaçados por um novo grupo e pela proliferação de drogas e jogos de azar. Com o patriarca impossibilitado, quem assume as rédeas da família é a mãe, Floyd (Jean Smart). Enquanto os filhos Dodd (Jeffrey Donovan) e Bear (Angus Sampson) tentam recuperar os lucros da família, o caçula Rye (Kieran Culkin) reivindica uma posição de mais destaque no grupo.
Tentando mostrar que é capaz de faturar em seus próprios negócios, Rye se vê obrigado a abordar uma juíza e obrigá-la a liberar as contas de um parceiro. Ele a segue até uma lanchonete e espera o momento certo para a conversa. A negativa e o jeito áspero da juíza, no entanto, fazem com que ele perca a cabeça e atire nela. O crime é presenciado pela garçonete e pelo cozinheiro da lanchonete, que também acabam sendo vítimas de Rye.
Ao tentar fugir do local, o caçula dos Gerhardt é atropelado por Peggy (Kirsten Dunst), que, assustada, o leva para casa, pensando que já estava morto. Durante um jantar, o marido dela, Ed (Jesse Plemons), descobre que Rye ainda está vivo e escondido na garagem. Uma briga entre os dois, no entanto, acaba fazendo com que Ed mate o intruso.
Enquanto isso, o crime na lanchonete chama a atenção da polícia. No meio da noite, o policial Lou Solverson (Patrick Wilson) e o xerife Hank Larsson (Ted Danson) são chamados para atender a ocorrência e juntar as partes do novo quebra-cabeça que se forma na série.
Concebida em formato de antologia, com uma história diferente a cada temporada, "Fargo" volta para o segundo ano totalmente renovada. O roteiro, no entanto, continua com a mesma sagacidade, humor e violência que marcaram o primeiro ano e, também, o filme dos irmãos Coen. A construção da história é instigante para o espectador, que vai conhecendo os detalhes da trama e fazendo a "costura" de todos aqueles núcleos que, fatalmente, irão colidir. É uma história inteligente e bem amarrada, que exige atenção total de quem assiste.
Também é interessante como o roteiro domina um universo, até então, tão particular dos irmãos Coen, formado por personagens incomuns e, ao mesmo tempo, ordinários, que são colocados em situações-limite e, assim, provocados a reagir de maneira surpreendente. É bom ver, ainda, como, mesmo sendo uma nova história, muitos elementos desse segundo ano "conversam" com a atmosfera impressa na temporada passada.
O elenco já mostra, logo no primeiro episódio, que promete ser parte importante da trama, com bons trabalhos de Jesse Plemons e Kieran Culkin. Quem me impressionou, no entanto, foi Kirsten Dunst, que nunca conseguiu se sobressair em nenhum trabalho e, com essa série, pode ter a chance da carreira para mostrar que é uma boa atriz.
Estranha, engraçada, inteligente, violenta, caótica. A nova temporada de "Fargo" já mostrou, logo de cara, que faz diferença na televisão, E esse é só o começo. O caos deve se instalar ainda mais na série, que, assim como uma panela de pressão esquecida no fogo, está começando a ferver para, depois, explodir.

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