Séries para ver (ou rever) durante período de distanciamento social - parte 3

Divulgação/Netflix/Hulu

Mesmo com o número de casos do novo coronavírus ainda subindo, muitos estados brasileiros autorizaram a reabertura do comércio, o que, diga-se de passagem, provocou aglomerações em várias cidades, ainda que esses planos sejam chamados de "conscientes", "graduais" e "responsáveis" pelos governantes. Mesmo assim, o distanciamento social segue recomendado por órgãos de saúde para evitar a propagação da Covid-19. Em São Paulo, por exemplo, ainda que flexibilizada, a quarentena continua em vigor e, com ela, a recomendação para que as pessoas fiquem em casa.
Com tantas incertezas, angústias e, sobretudo, vigilância, precisamos cada vez mais de atividades que nos permitam alguns momentos de fuga de realidade, até para que possamos respirar fundo para encarar com mais força o que está lá fora. Para tentar contribuir um pouco com isso, aqui vão mais algumas dicas de séries para ver ou rever nessa época de distanciamento social:

Divulgação/Netflix
- The Last Dance (Netflix)

Não sou nenhum especialista em esportes, longe disso, mas me vi envolvido por "The Last Dance", série documental da Netflix, feita em parceria com a ESPN. Em 10 episódios, a produção acompanha um período histórico de vitórias do Chicago Bulls na NBA, com foco nos bastidores de conquistas do time na década de 90. Mostrando os principais personagens dessa fase, a série destaca principalmente a trajetória de Michael Jordan, considerado o maior jogador do basquete mundial. Ao mesmo tempo em que exalta os títulos ganhos pelo time, "The Last Dance" não se furta a retratar controvérsias e desentendimentos. Os episódios também adotam essa conduta para falar de Jordan, revelando características que fizeram do jogador um ídolo, mas sem fugir de pontos e opiniões divergentes sobre as condutas do atleta.

Divulgação/Netflix
- Dark (Netflix)

A produção alemã de ficção científica já tem data para terminar: 27 de junho. Antes da estreia da terceira temporada, no entanto, é possível aproveitar esse período de quarentena para maratonar os dois primeiros anos da produção, que é uma das melhores da década. O espetador fica praticamente hipnotizado pela narrativa intensa e cercada de muitas dúvidas. A trama se desenrola a partir do desaparecimento de um garoto, em uma pequena cidade. De alguma forma, esse sumiço está ligado a noções amplas de tempo e espaço, que mesclam passado, presente e futuro dos personagens. Qualquer linha a mais do que isso pode estragar as surpresas de "Dark", o que tornaria a experiência bem menos interessante. Um conselho: se você ainda não viu, não procure informações por aí. Apenas mergulhe na história e desfrute de um ótimo entretenimento.

Divulgação/Prime Video
- The Boys (Amazon Prime Video)

A onda dos filmes de super-heróis só reforçou a associação desses personagens a características virtuosas. A série "The Boys", no entanto, vai na direção contrária e mostra essas figuras como parte dos problemas da humanidade. Na história, um grupo de heróis é controlado por uma grande corporação e, apesar das aparências, nenhum deles têm qualquer responsabilidade sobre os próprios atos. Salvar o mundo fica em segundo plano para esses personagens, que são movidos por vaidade e egoísmo. Discussões sobre assédio sexual e machismo também aparecem na produção da Amazon Prime Video, que deve estrear a segunda temporada em breve.

Divulgação/Hulu
- The Handmaid´s Tale (Globoplay)

Quando a realidade se aproxima de uma distopia, é difícil embarcar em uma história com essa característica. Só que, ainda que possa acrescentar algum peso a uma rotina influenciada pela quarentena e pela política, "The Handmaid´s Tale" é uma série necessária. A adaptação da obra literária de Margaret Atwood se passa em um futuro controlado por um grupo de aspirações político-religiosas que, nos Estados Unidos, impôs regras de convivência e dividiu a sociedade em uma espécie de sistema de castas. Nessa realidade, as mulheres férteis são obrigadas a servir casais sem filhos como aias, na esperança que elas engravidem de comandantes e freiem a queda das taxas de natalidade. As três temporadas da série dialogam muito com o mundo em que estamos vivendo, especialmente quando se pensa em enfraquecimento de democracias e no machismo da sociedade. A experiência de acompanhar esses episódios agora pode ser bem intensa.

Divulgação/HBO
- The Movies (HBO GO)

Qualquer amante da sétima arte vai achar "The Movies" um deleite. A série documental revisita os grandes clássicos do cinema e a importância dessas obras ao longo das décadas. Com entrevistas e curiosidades sobre os longas, os episódios são divididos por períodos e focam nas transformações que a indústria sofreu desde a Era de Ouro de Hollywood até os dias de hoje. As temáticas fortes de alguns filmes e o poder das franquias são destaques da produção, que também presta homenagens à criatividade de artistas da área. No final, "The Movies" faz o espectador relembrar histórias marcantes e se interessar por ver aquelas que passaram despercebidas até o momento.



Divulgação/TV Globo
- Segunda Chamada (Globoplay)

Os dramas de alunos e professores de uma escola estadual estão no centro dos episódios da série "Segunda Chamada", disponível na plataforma de streaming Globoplay. Débora Bloch vive uma educadora que se envolve nos problemas dos estudantes de uma turma da modalidade de Educação de Jovens e Adultos. Trabalho, dificuldades financeiras, violência e outros aspectos aparecem como obstáculos para esses alunos, mas a personagem da atriz representa a esperança da educação como poder transformador na vida deles. Além de pregar essa fé no conhecimento, a produção também foca nos problemas estruturais que a área enfrenta no Brasil. É bem verdade que algumas histórias carecem de profundidade, porém, no final, o resultado ainda é positivo e inspirador.

Divulgação/Netflix
- 100 Humans (Netflix)

Que tal tirar um tempo para apreciar experimentos comportamentais? Dos mais complexos aos mais banais, a despretensiosa série "100 Humans" propõe um mergulho em diversos temas, como percepções sobre diferenças entre gêneros, preconceitos e instintos. A cada episódio, cem participantes servem de cobaias para essas experiências, sempre sustentadas por análises de especialistas. Mesmo com um tom leve, o programa pode, no mínimo, suscitar questionamentos interessantes sobre julgamentos que tendemos a fazer e a importância do respeito às diferenças. A série causa dúvidas até sobre a posição ideal do papel higiênico no banheiro, característica que pode revelar mais de uma personalidade do que se imagina.

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