"Araguaia" termina bem, apesar da incoerência da trama central


Sexta-feira (8) foi ao ar, na TV Globo, o último capítulo da novela "Araguaia". Escrita por Walther Negrão, a trama girava em torno da maldição que a índia Iarú jogou sobre o casal Antônia e Apoena. Após descobrir que seu marido Apoena havia se apaixonado e engravidado Antônia, Iarú determinou que todos os filhos homens que as gerações seguintes de Antônias tivessem, morreriam às margens do rio Araguaia.
No começo da trama,  Antoninha (Regina Duarte), descendente da primeira Antônia, avisa ao filho Fernando (Edson Celulari) sobre a maldição e pede que ele e seu neto Solano (Murilo Rosa) fujam do Araguaia para, assim, impedir que o destino trágico se cumprisse. Influenciado por Estela (Cléo Pires), Fernando decide ficar. Na verdade, Estela era uma das últimas sobreviventes da tribo karuê, a mesma de Iarú, e desejava cumprir com a missão de fazer com que a maldição fosse cumprida até que não restasse mais nenhum descendente de Antônia e Apoena.
Com a morte de Fernando, Estela concentra seu plano em Solano, mas acaba se apaixonando por ele. Ele, por sua vez, se interessa pela mocinha Manuela (Milena Toscano). Como novela é uma obra aberta sujeita a mudanças, a aprendiz de vilã caiu nas graças do público e fez com que o triângulo amoroso da trama mudasse de figura. A índia karuê ganhou ares de mocinha e seu amor por Solano conquistou os holofotes, deixando Manuela em segundo plano.
Essa mudança de ares de Estela, porém, tornou a trama incoerente. No fim, Solano e Estela terminaram juntos e a maldição de Iarú foi desfeita. Para isso, seguindo uma profecia, o cordão umbilical do filho dos dois foi cortado por Gabriel (Juca de Oliveira), avô de Solano e "guerreiro com nome de anjo que cortaria o cipó da vida" pondo fim ao feitiço. No entanto, ao terminar a novela com Estela, o mocinho fez par com a "vilã" que levou o pai dele para a morte aos pés do rio Araguaia. O arrependimento veio depois da empatia do público com ela, mas daí Inês já era morta.
Com uma excelente fotografia, a novela trouxe ótimas atuações. Lima Duarte, como o gaúcho autoritário Max Martinez, fez um vilão daqueles que o público gosta de assistir e teve o fim que mereceu. Após um embate com Solano, cai de uma montanha e morre. Mariquita, personagem da sempre ótima Laura Cardoso, também foi destaque, trazendo o tema e a discussão do Alzheimer para o horário. Flávia Guedez chamou atenção com a sua Aspásia e foi uma das grandes responsáveis pelo humor da novela. Alguns, no entanto, poderiam ter tido um espaço maior, como foi o caso de Eva Wilma, pouco aproveitada.
Não posso dizer que tenha sido assíduo de "Araguaia". Não foi uma novela que me chamou muito a atenção. Mas, o folhetim teve um bom desfecho, apesar da incoerência da trama ao juntar o mocinho Solano com Estela, a "algoz" de seu pai. Será que vale a pena mudar o enredo de uma trama para fazer a vontade do público? Será que a voz do povo é a voz de Deus? No caso das novelas, que vivem da audiência do povo, até pode ser. Mas, já disse o autor João Emanuel Carneiro: "Às vezes, o público gosta de ser contrariado".

Comentários

  1. EU DETESTEI O FINAL DE ARAGUAIA PORQUE SOLANO E ESTELA FICARAM JUNTOS.FOI DECEPCIONANTE PRA MIM,VIU?

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