Tom de homenagem tira responsabilidade de recriar cena clássica de "Guerra dos Sexos"
Quem acompanha e gosta de televisão já viu, mesmo que ainda não tivesse nascido. Se bem que, até quem não gosta de televisão deve ter visto. A cena em que os primos Otávio (Paulo Autran) e Charlô (Fernanda Montenegro) fazem da mesa do café da manhã um campo de batalha é uma das mais reprisadas da TV e se tornou um clássico de "Guerra dos Sexos", novela de Sílvio de Abreu produzida em 1983.
No primeiro dia de outubro, a guerra entre os primos foi declarada novamente com a estreia da nova versão da novela, também assinada por Abreu. Mesmo modernizada, a "Guerra dos Sexos" continua com o mesmo mote: Otávio e Charlô (agora Tony Ramos e Irene Ravache) recebem uma herança de seus tios homônimos, os personagens que protagonizaram a primeira versão. O testamento determina, no entanto, que os primos devem ser sócios pelo resto de suas vidas, já que não podem vender os bens para ninguém que não seja da família. Como são os únicos parentes, eles têm que dividir o comando das lojas Charlô's e morar na mesma mansão.
Além de não se gostarem, Charlô e Otávio transformam a guerra particular em uma verdadeira disputa entre os gêneros, já que ambos preferem trabalhar e conviver apenas com os seus respectivos sexos. Um dos pontos altos da disputa entre os primos foi ao ar na última quinta-feira (11), na nova versão da trama. Durante o café da manhã, que preferiam não tomar juntos, Charlô e Otávio transformam seus problemas em uma guerra de comida.
Em entrevistas, o autor tem dito que não gosta de chamar a nova versão de "Guerra dos Sexos" de remake, já que precisou adaptar a maioria das situações para os dias de hoje. Assim, acredita estar fazendo uma nova história. Talvez seja isso que tenha tornado a cena exibida esta semana num momento agradável da novela.
Quando uma obra é recriada, seja ela um filme ou uma novela, sempre há um "peso" sobre a refilmagem. Isso porque as comparações se tornam inevitáveis, já que existe uma referência para determinada cena. Ao refazer a sequência do café da manhã, autor e direção da atual "Guerra dos Sexos" conseguem convencer o público de que estão contando uma nova história.
O clima de homenagem dado, mostrando flashs do clássico momento entre Fernanda Montenegro e Paulo Autran, deixou a cena despretensiosa e passou a imagem de uma celebração aos trabalhos dos atores que imortalizaram a sequência.
Outro fator que contribuiu para "enterrar" as comparações entre as cenas é o talento dos quatro atores que a executaram. Enquanto Fernanda Montenegro e Paulo Autran atribuíam aos seus personagens um tom mais sério, Irene Ravache e Tony Ramos estão mais inclinados ao escracho fazendo uma comédia pastelão. Isso ajuda no distanciamento entre as duas versões.
Depois da recriação dessa cena clássica, dá para acreditar que o autor está realmente criando uma outra história para um mesmo enredo. Resta esperar para ver se a guerra entre homens e mulheres vai render hoje o mesmo que rendeu em 1983. Por enquanto, a única semelhança é que a empregada Olívia (Marilu Bueno) teve que limpar a sujeira do café novamente.
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